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Pessoas alegam que estão sendo vítimas de preconceito
Relação homoafetiva ainda não tem sido bem aceita pela sociedade

Um casal gay de Araucária foi humilhado e constrangido após ter dado um beijo dentro de um restaurante da cidade. Os dois rapazes contam que deram um selinho em público e foram surpreendidos pela postura preconceituosa de um dos funcionários, que alegou ser antiético o que eles estavam fazendo.

“Estamos indignados com o estabelecimento! Uma casa voltada a diversão e entretenimento, dizer que um beijo é antiético aliás, um selinho homoafetivo. Como assim? Existe lei contra isso, ou porque ainda não existe? Temos que nos divertir sem afeto? Reprimir a felicidade? Foi muito desconfortável esta situação”, relataram.

O fato é que, condenados por alguns fanáticos religiosos e discriminados pela sociedade, os homossexuais vivem hoje em todo país uma guerra contra a homofobia (preconceito contra homossexuais). Apesar da lei tornar crime a discriminação de pessoas por ‘‘gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero’’, os números tem revelado um aumento assustador de crimes e agressões contra o cidadão gay.

Da mesma forma que os homossexuais, os portadores do vírus HIV (AIDS) também são vítimas frequentes do preconceito e da violência, quase sempre pela desinformação da população com relação à doença. “Sou soropositivo há seis anos e, mesmo após receber o diagnóstico, minha vida e meu organismo não mudaram em nada, apenas o meu convívio com as pessoas que ficou difícil quando elas descobrem que sou soropositivo”, conta LDV.

Ela diz que mesmo a doença não sendo mais uma ‘aberração’ como era antigamente, algumas pessoas têm medo até de apertar a mão de um aidético com medo de serem contaminadas. “Hoje em dia existem tratamentos para a AIDS, campanhas de como se prevenir ou de como evitar o contágio, tudo muito bem esclarecido, mas a maioria das pessoas insiste em permanecer na ignorância e deixar o preconceito falar mais alto”, condena.

LDV relata uma cena que viveu recentemente e que a motivou a denunciar a violência moral que vem sofrendo por ser soropositivo. “Dia desses eu estava no ônibus e um cara entrou pedindo ajuda aos passageiros, dizendo que era soropositivo e que precisava de dinheiro para comprar remédios. Imediatamente me levantei e comentei que eu era soropositivo e sabia muito bem como as coias funcionam nesse país, o orientei a pedir ajuda na Saúde porque o governo é obrigado a dar a medicação de graça. Daí uma senhora que estava sentada do meu lado elogiou minha postura, só que ao mesmo tempo pediu se eu estava mesmo falando a verdade ou era mentira. Quando confirmei ser soropositivo, ela se levantou e mudou de banco, foi um choque pra mim”.

Explicação psicológica
Para a psicóloga Patrícia Santiago de Oliveira Gomes, uma das possíveis causas de a pessoa ser homofóbica é já ter sido abusada sexualmente. “As pessoas acabam tendo reações emocionais dolorosas frente a um estímulo pelo qual já passaram. A experiência acaba voltando em forma de reações emocionais”, explica.

Outra justificativa, diz Patrícia, seria o fato de a pessoa se espelhar naquela situação de homossexualismo, ou outra que fuja dos padrões convencionais da sociedade e, como não quer aquilo pra ela, acaba gerando o preconceito. “O preconceito quase sempre surge da pouca vivência, pouca flexibilidade e pouco conhecimento. O fato de não aceitarmos certas práticas comportamentais, mas não esboçarmos reações emocionais ou rejeições com relação a elas, não quer dizer que estamos sendo preconceituosos”, diz a psicóloga.

 

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