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PM cumpre a reintegração de posse Costeira
Muitos voltarão para suas antigas casas de aluguel ou terão que morar de favor na casa de parentes PM cumpre a reintegração de posse Costeira
Caminhões carregam materiais das casas que foram desmontadasPM cumpre a reintegração de posse CosteiraPM cumpre a reintegração de posse CosteiraPM cumpre a reintegração de posse Costeira

A Polícia Militar do Paraná cumpriu um mandado de reintegração de posse emitido pela Justiça de Araucária na manhã de ontem, 21 de fevereiro, em uma área particular de 121 mil metros quadrados, situada na Rua Presidente Costa e Silva, no bairro Costeira. Mais de mil pessoas que moravam no local há cerca de cinco meses, estão tendo que desocupar a área e elas mesmas desmontam as casas que haviam construído.

Até o momento, segundo relatou o comandante do 17.º BPM e responsável pela operação, tenente-coronel Edson Hartmann, não houve tumulto e a desocupação tem sido pacífica. Ele acompanha de perto a retirada das famílias e comanda um contingente de 465 policiais, vindos de vários batalhões, que foram mobilizados para a operação. “A ação começou às 8h30 da manhã e a previsão é de que continue até domingo, dia 24. Após este período, vamos continuar com o policiamento e também acionar o proprietário da área para que tome as devidas providências e evite uma nova invasão”, disse o comandante.

Naquela área, mais de 350 barracos e pequenas casas, construídos com lona, madeira e alvenaria, abrigavam 1.290 pessoas, que começaram a ocupar o terreno em outubro do ano passado. A demora no cumprimento da reintegração, segundo argumentou o coronel Hartmann, foi por conta da tramitação para organizar a estrutura da operação. “Tivemos que fazer um estudo detalhado da situação e elaborar um planejamento para que tudo ocorresse da melhor maneira possível, sem contratempos”, explicou.

Estrutura
Além dos 465 policiais vindos do 17º, 22º, 12º, 13º e 20º batalhões e das unidades especializadas Regimento de Polícia Montada (RPMon), Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), Batalhão de Policia de Guarda (BPGD) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), acompanham a operação o Ministério Público, Conselho Tutelar, Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Guarda Municipal e assistentes sociais do município.

“A operação transcorre de forma pacífica, primando pela segurança dos oficiais de justiça e pelos direitos e garantia dos moradores. Tivemos apenas duas situações de prisões: um homem de 49 anos foi encaminhado à delegacia local por estar com um mandado de prisão em aberto e outro, suspeito de ser o responsável pela venda dos lotes, também foi levado para prestar esclarecimentos”, acrescentou o coronel Hartmann.

PM cumpre a reintegração de posse Costeira
Policiais de vários batalhões acompanham a saída das famíliasPM cumpre a reintegração de posse Costeira
O que antes parecia um novo bairro, agora deu lugar a uma área repleta de materiais e entulhos  

PMA só acompanha a operação
Em relação à ação de reintegração de posse da área de ocupação localizada na Rua Costa e Silva, a Prefeitura de Araucária emitiu uma nota esclarecendo que a área é uma propriedade particular ocupada desde o ano passado. O pedido de reintegração de posse partiu da proprietária do terreno e foi autorizado pela justiça ainda em 2012, mais especificamente no dia 5 de novembro.

Quem cumpre a reintegração de posse é a Polícia Militar, com o apoio de outros órgãos de segurança, sem precisar de qualquer autorização da administração municipal.

A prefeitura explicou ainda que não pode interferir nesta situação, já que trata-se de uma decisão de justiça, órgão estadual, em área particular e que apesar de não ter nenhum envolvimento com o caso, tem conhecimento da situação.

A Cohab – Companhia de Habitação, avalia a inclusão destas famílias de Araucária em programas sociais de habitação, desde que se enquadrem nas exigências.

PM cumpre a reintegração de posse Costeira
Aos poucos as famílias vão retirando seus pertences e desocupando o terreno no CosteiraPM cumpre a reintegração de posse Costeira
Contingente de mais de 400 policiais acompanha a desocupação 

Muitos não tem pra onde ir
A maioria das famílias que estão sendo retiradas da área invadida no Costeira não tem pra onde ir. Muitas saíram de suas casas e entraram no movimento, iludidas pelo sonho de ganhar um pedaço de terra e construir a casa própria.

“Não temos pra onde ir e como vamos ficar agora? Entreguei a casa que morava de aluguel e construí minha casa aqui para morar com meu marido e minhas duas filhas. Quem vai nos ajudar?”, indagou Adriele Rodrigues.

Da mesma forma Natair Rodrigues de Paula comentou que comprou o pedaço do terreno por R$ 6 mil e ali começava a construir sua casa, até que foi surpreendida pela reintegração de posse. “Fomos iludidos pela pessoa que comandava o movimento. Ele nos disse que estava tudo sob controle e que a dona iria vender o terreno pra nós. Agora tenho que recolher todo o material de construção e sair daqui com meus três filhos. Não sei como vou ficar”, comentou.

Francisca Rosa Magalhães e Letícia Mateus Carvalho estão na mesma situação: tiveram que desmontar as casas e sair do local, mesmo sem ter um local fixo para morar. “Eu e meu filho vamos nos mudar pro porão da casa da minha irmã, mas não acho justo isso. Pagamos uma taxa de R$ 350,00 quando entramos aqui, na promessa de que a dona da área iria nos vender os terrenos”, falou.
 

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