Com as portas fechadas há mais de um ano, população quer uma solução rápida para a reabertura dos Armazéns da Família
Abaixo-assinado foi protocolado e reuniu mais de 700 assinaturas
Cerca de 14 mil famílias do município eram atendidas nas três unidades do Armazém da Família de Araucária, de acordo com informações da Prefeitura Municipal. Nestes locais as pessoas faziam suas compras mensalmente e tinham a oportunidade de comprar produtos alimentícios, de higiene e de limpeza com preços até 30% mais baixos do que os praticados nos mercados convencionais.
Para muitos, era a única forma de garantir o sustento da família. Porém, desde dezembro de 2012, estas pessoas estão tendo que pagar mais caro pelo “pão de cada dia”, pois todas as unidades da cidade estão com as portas fechadas, deixando todos os usuários cadastrados sem atendimento.
A pensionista e moradora da Vila São João, Lúcia Batista, 70 anos, conta que o Armazém tem feito muita falta. “Eu tenho até vergonha de falar, mas tem dias que falta comida, pois lá eu conseguia comprar para todo o mês e agora o dinheiro só dá para uma cesta básica. Às vezes ainda é metade do mês e o alimento já acabou”, lamenta.
Visando cobrar providências da Prefeitura e exigir a reabertura das unidades do Jardim Shangai, Jardim Planalto e Porto das Laranjeiras, um grupo de pessoas se reuniu para reivindicar. Nesta segunda-feira, dia 27, a presidente da Associação de Moradores do Jardim Esperança, Cleonice Rosa Cordeiro, protocolou na Promotoria Pública um abaixo-assinado com cerca de 700 assinaturas de moradores se manifestando em favor da reabertura.
Além disso, na próxima quinta-feira, dia 30, a partir das 17 horas a comunidade vai se reunir para uma manifestação em frente ao antigo prédio do Armazém do Planalto, na Avenida Manoel Ribas. “As famílias estão revoltadas. Tem muita gente necessitada. Nós queremos uma resposta da prefeitura. Não dá mais para esperar”, reclama Cleonice.
Entenda o caso
Em dezembro de 2012 a Prefeitura de Curitiba, responsável pelos convênios do Armazém da Família, após realizar uma auditoria nas contas da Prefeitura de Araucária, constatou divergências entre o estoque físico e o virtual declarado pelas três unidades. De acordo com o relatório, esta divergência de valores chegou à casa dos R$ 427 mil. E, enquanto este valor não for pago, o contrato permanecerá cancelado.
Em fevereiro de 2013, Araucária disponibilizou esse montante para fazer um depósito judicial, porém após novas auditorias nas contas de 2009 a 2012, a Prefeitura de Curitiba constatou irregularidades também em depósitos bancários. Agora, o valor atual da dívida que Araucária deve pagar a Curitiba é de mais de R$ 1 milhão. “A Prefeitura de Araucária não pode pagar essa dívida sem apurar as responsabilidades e a Prefeitura de Curitiba não quer renovar o convênio sem o pagamento”, declarou o procurador geral do município Marcelo Frehse.
Para investigar os fatos Araucária instaurou uma sindicância interna. Porém, o relatório final não conseguiu apurar responsabilidades porque não teve acesso a documentos importantes que estão em Curitiba. Por isso, uma nova auditoria foi realizada em conjunto entre as duas Prefeituras. A auditoria foi concluída mas, segundo o secretário de Agricultura, Carlos Augusto Siqueira do Couto, ainda há um impasse judicial na situação.
No dia 04 de fevereiro, terça-feira, o prefeito municipal e o secretário de Agricultura, estarão em Ponta Grossa onde serão recebidos pelo prefeito da cidade para verificar a possibilidade de firmarem um convênio com o município, nos mesmos moldes do Armazém da Família. “A idéia é reabrir a unidade do Mercado Municipal, pois neste momento seria inviável financeiramente voltar a atender com as três unidades”, disse Carlos.
O secretário disse que depende desta reunião para estabelecer uma data para que aconteça a reabertura, mas que irá trabalhar para que isso ocorra dentro do menor prazo possível.