Quase no final da gestão SAMU segue empacado
Sem poder serem utilizados, carros do SAMU ficam guardados em garagem sem salvar nenhuma vida

Embora não tenha sido compromisso de campanha do prefeito Albanor José Ferreira Gomes (PSDB) ao longo do primeiro ano de seu mandato, uma das principais ações que sua administração defendia era a implantação do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Entretanto, faltando poucos meses para o término da gestão Zezé, a população ainda não viu o serviço implantado e, a julgar pelo andamento da coisa, não verá até o final de 2012.

O grande problema para implantação do SAMU é que ele não depende exclusivamente da Prefeitura de Araucária, vez que o serviço atenderia todos os municípios Região Metropolitana de Curitiba, com exceção da Capital, tendo nossa cidade como sede da central de regulação das ambulâncias. Em dezembro de 2009, aliás, o Ministério da Saúde transferiu R$ 325 mil à Prefeitura para implantação da sede do SAMU. Segundo a portaria que liberou o dinheiro, a cidade tinha noventa dias para colocar a central em funcionamento. Como todos veem o prazo não foi cumprido. Inicialmente, o plano da Secretaria de Saúde era erguer a central ao lado do quartel do Corpo de Bombeiros, no jardim Santa Regina. Depois se cogitou edificá-la ao lado do Hospital Municipal de Araucária (HMA). O plano não foi adiante e agora o projeto prevê a adaptação de parte das instalações do antigo Hospital São Vicente de Paulo para receber provisoriamente a central.

Criado pelo Governo Federal, o SAMU é financiado por recursos das três esferas executivas: a União banca 50% dos custos, o Estado 25% e os outros 25% são de responsabilidade dos Municípios. E é justamente neste último elo da corrente que está o problema, vez que muitas cidades da RMC não têm condições de arcar com as despesas geradas pelo serviço. "Nossa expectativa é de que ele entre em operação nos próximos meses. Mas ainda há discussões sendo feitas por conta dos aportes de recursos por parte dos Municípios. Temos discutido com o Governo do Estado e entendemos que possivelmente o gerenciamento do SAMU tenha que ser feito por meio do Consórcio Metropolitano de Saúde", contou o secretário municipal de Saúde, Haroldo Rodrigues Ferreira (PDT).

Tiro no pé
Ao longo de 2010 bem que a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) tentou tomar frente às negociações para implantação do SAMU. Chegou, inclusive, a anunciar que o sistema entraria em operação nos próximos meses e tratou a demanda como prioritária do governo municipal. Hoje, no entanto, parece não ser mais. Tanto é que o próprio comando da SMSA tem dito por aí que Araucária não carece do serviço, pois possuiria um sistema de transporte de pacientes razoável e um contrato com a Ecco Salva para casos em que seja necessário uma UTI móvel para transportar pessoas em estado grave. Os que propagam essa tese não deixam de estar certos. O problema é que isso já era verdade em 2009 quando os gestores municipais insistiram com a ideia absurda de liderar a criação do SAMU Metropolitano.

Ambulâncias
Entre os absurdos gerados pela proposta de criação do SAMU está algo que revolta a população local: ambulâncias novinhas em folha, equipadas com UTI móvel, paradas no pátio da Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP). São três veículos, alguns desde 2009 estacionados sem nunca terem carregado nenhum paciente. "Várias denúncias sobre esta situação já chegaram ao meu gabinete. Tanto é que fiz um requerimento solicitando informações à Prefeitura em outubro do ano passado. Mas até agora nada deles me responderem", reclama o vereador Alan Henning (PMDB), que cogita levar o caso ao Ministério Público.