Quem é responsável pela cadeia?
Em Araucária, a cadeia pública está anexada a delegacia

A gente já está acostumado – mas não deveríamos – a ouvir que a cadeia pública de Araucária, como de tantos outros municípios, está lotada. Não basta serem 87 pessoas – número atual – em um lugar com capacidade para 16, que vivem em condições absurdas de vida, amontoadas como se fossem caixas de um depósito de supermercado, o problema vai além, já que, até o início desse ano, 100% da responsabilidade sobre os presos era da Polícia Civil que, já com uma equipe reduzida, tinha que dividir sua atenção entre as investigações e resoluções dos crimes e os cuidados e atenções necessários para atender o pessoal detido.

Na última semana, o delegado de Araucária dr. Amadeu Trevisan, solicitou à equipe do O Popular uma matéria de esclarecimento sobre a situação, já que muita gente ainda não sabe que, desde o dia 1º de fevereiro de 2013, a responsabilidade da cadeia pública passou a ser do DEPEN (Departamento de Execução Penal do Paraná): “Foi uma resolução da secretaria de Segurança Pública e da Secretaria de Justiça que estableceu que a responsabilidade sobre as cadeias públicas foi reorganizada; a Polícia Civil ficou responsável pela escolta e a Secretaria de Justiça contratou agentes de cadeia pública responsáveis pela movimentação e cuidados com os presos”, explica.

O objetivo da ação foi desincumbir os policiais civis do ônus da guarda de presos para poderem desempenhar suas atividades de investigação com mais tempo e tranquilidade, melhorando o desempenho de todas as unidades onde estavam trabalhando como carcereiros. Porém, como afirma o Dr. Amadeu, a ação não solucionou com extrema eficácia o caso: “A Polícia Civil ainda continua com a escolta ao invés de se dedicar inteiramente as investigações, ou seja, não fomos inteiramente liberados. A proposta seria mais eficaz se a Polícia Civil fosse totalmente desvinculada da responsabilidade”.

Esclarecimento
Porém, por conta da medida, Amadeu Trevisan solicitou esclarecer também sobre as falácias que envolveram o caso Tayná. Em julho deste ano, os quatro suspeitos de terem matado a adolescente Tayná Adriane da Silva, 14 anos, encontrada morta em Colombo no dia 28 de junho, afirmaram para integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que foram torturados nas delegacias do Alto Maracanã, em Colombo, e em Araucária. Na época, na primeira versão sobre o caso, que depois foi tomando vários desdobramentos, eles declararam que, aqui em Araucária, foram agredidos por um preso de confiança chamado Patrick. “Eu posso afirmar com garantia que, pelo menos aqui em Araucária, não existe um preso de confiança do Delegado, com essa medida,nós não temos a chave da cadeia, quem os movimenta é o DEPEN, ligado a Secretaria de Justiça”, declara.