Sentimentos melancólicos inspiraram a poesia
Ao longo da vida, Jihad ainda deseja encarar a política brasileira

Se os sentimentos que passamos na vida são a grande inspiração para fazer arte, talvez a dor, a tristeza, a melancolia e a solidão sejam os que mais floreiam nossa vontade de se expressar. E foi justamente desses sentimentos que nasceu o livro “Poesias Urbanas” de Jihad Velasco Traya, 16 anos; triste com algumas situações da sua vida, como término de um relacionamento e a mudança do pai de cidade, o jovem experimentou profundamente o sabor da tristeza, e das palavras fez seu escape: “Comecei a escrever com bastante frequência esse ano, pra ser mais exato em janeiro. Porém a alguns meses atrás achei uns papeis perdidos aqui em casa, quando fui ler me deparei com algumas poesias que eu tinha escrito para minha ex-namorada no meio do ano passado. Eu comecei escrevendo no meu bloco de notas do celular, porém não posso dizer que eram poemas, mas logo passei elas para um caderno e a cada escrita fui aperfeiçoando até chegar com uma estrutura mais elaborada e com mais jeito de poesia”

E foi dessa necessidade de se expressar, de botar o que sentia para fora, mesmo que inicialmente somente para si, que Jihad se descobriu um poeta. “Na minha opinião essa dor é muito comum pelo fato de nossas rotinas serem tão frenéticas ao ponto de não pararmos para prestar atenção em nós mesmos, ao ponto de não conseguirmos ter um tempo para nós. Hoje em dia eu vejo muitas coisas negativas ao meu redor, isso causa-me muita tristezas e começo a entrar em reflexão comigo mesmo do porque dessas situações ocorrerem, e logo vou percebendo mais coisas negativas e isso acaba me derrubando mais. E a arte liberta, na arte você faz uma união de corpo e alma, na arte, seja ela escrita ou desenhada, a pessoa consegue demonstrar sentimentos que muitas vezes ela não consegue em um dialogo com outro ser. Na arte a pessoa consegue expor sentimentos que até ela não imaginava que estava sentindo”.

Como ele mesmo afirma, a poesia não curou Jihad, até porque a tristeza é um sentimento comum a quem vive, mas ajudou ele a conviver tranquilamente com ela. “Não digo que sou uma pessoa infeliz, eu levo a vida normalmente, porém existem dias que eu fico bem para baixo, mas da mesma forma há dias que eu estou feliz, varia muito. As inspirações vem dos lugares que eu menos imagino, então caso eu possa afastar essa tristeza de vez eu não irei perder minha inspiração, pois na verdade eu nunca tive ela, deixo ela livre, e quando ela quer ela vem até mim me ajudar a escrever alguns poemas, crônicas ou pensamentos. Na minha opinião tudo pode motivar a arte, para ela não existem barreiras, fronteiras ou limites. Encontramos-a nos lugares mais inusitados e simples da vida”, afirma o poeta.

O livro
Quando se deu conta, Jihad tinha tantos escritos que um livro já estava em suas mãos: “Foi um processo muito natural, pois eu nunca pensei em escrever um livro e quando comecei a escrever eu não imaginei que tudo isso teria uma proporção desse tamanho, apenas fui escrevendo e hoje fico muito feliz e gratificado em ver que escritas tão inocentes estão abrindo portas para mim”, contou. Com o intenso incentivo de sua mãe, Neuza Maria Velasco, o garoto, então, foi dando corpo a ideia do livro: “Mas também eu tive amigos, Caio, Gabriela e Daniella, que me deram muito apoio também, elogiavam minhas escritas e quando não estavam boas eles também falavam para mim”.

Porém, além de escrever, o processo para se criar um livro vai além: “As etapas foram meio demoradas, primeiro corri atrás de gráficas. Logo que encontrei uma que se adequou as minhas idéias, nós ficamos dois meses trocando emails para corrigir e debater ideias sobre o livro. No fim tudo deu certo”, conta. Por fim, agora é só comemorar a realização do sucesso e, para isto, está marcado o lançamento do livro para a próxima segunda-feira, 23 de setembro, às 19h30, no Palacete Wolf, que fica situado no Largo da Ordem na frente do famoso “Cavalo Babão”.

Próximos passos
O poeta mora, atualmente, em Curitiba, mas passou boa parte de sua vida aqui em Araucária: “Eu nasci em Curitiba, porém só nasci. Logo já fui morar em Araucária, lugar onde meus pais e minha irmã já moravam. Em 2001/2002 vim morar em Curitiba, mas nunca deixei de ir em Araucária, já que a maioria dos meus familiares moram lá e eu gosto muita da cidade, me sinto muito a vontade, até mais do que em Curitiba. Ela em si eu não sei dizer, mas meus familiares que ali moram com certeza me inspiram e me deixam muito contente”, revela.

Jihad agora termina os estudos e se prepara para o vestibular de direito. Quando pergunto se ele tem um sonho: “Sonhos… Não sei se possuo sonhos, eu possuo metas. Eu quero algum poder ser reconhecido através das minhas escritas e quando eu tiver lá pelos meus 50 anos pretendo ingressar na política, acho que só entrando nela é possível de mudar algo no nosso país, onde há várias coisas que tem que mudar… Mas não vou encarar isso como uma profissão e sim como uma contribuição para o país”.