Engenheiro Leandro e Clodoaldo não veem outra saída: pavimentação terá que ser refeita
Material utilizado pela empresa não teria sido o que a PMA pagou
Mal assumiu a Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP) e o engenheiro Clodoaldo Pinto Jr. (PT) já encontrou o primeiro grande problema: a obra de pavimentação do trecho da Avenida Manoel Ribas compreendido entre as ruas Minas Gerais e Augusto Ribeiro Santos, no bairro Costeira, que estaria sendo executada em desacordo com o que foi contratado pela Prefeitura.
As irregularidades, segundo Clodoaldo, comprometem a qualidade da obra, que está sendo executada com recursos do Governo do Estado e custará aos cofres públicos R$ 3,3 milhões. “Os materiais que estão sendo utilizados pela empreiteira não são os que a Prefeitura contratou e pagou e isto compromete a estabilidade da obra, que – do jeito que está – não irá aguentar o tráfego da via”, alertou.
O secretário afirmou que as irregularidades foram constatadas na semana passada por meio de uma sondagem feita pela Secretaria de Obras. “Um engenheiro nosso foi até o local, fez dois furos na parte do asfalto que já está pronta e constatou que o material posto ali é totalmente diferente do que deveria estar sendo utilizado”, explicou.
Os principais problemas identificados estão na estrutura da obra. Por exemplo, a camada de areia que daria a devida sustentação ao tráfego pesado que passará por ali foi substituída em alguns locais por pedregulho sujo. A manta geotêxtil que também dá mais estabilidade ao pavimento não foi aplicada em alguns segmentos e em outros o material utilizado não foi o previsto no projeto. Outro defeito grave é na aplicação de um material chamado moledo (pedras grandes que servem para compactar melhor o solo), que foi substituído por saibro. Outra inconformidade é no CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente), o asfalto propriamente dito. O contrato previa que ele deveria ter sido aplicado numa espessura de cinco centímetros e não quatro, conforme identificado pela SMOP.
Para ter uma ideia do prejuízo aos cofres públicos, a areia que deveria ser utilizada pela empreiteira custa em torno de R$ 60,00 o metro, já o pedregulho sujo custa cerca R$ 20,00 o metro. Do mesmo modo, só o um centímetro de diferença encontrado na aplicação do CBUQ, que é o material mais caro numa obra de pavimentação, que deveria ser de cinco centímetros e não quatro, significa uma diferença de 20%.
Autorizado
Diante das irregularidades, Clodoaldo afirmou que oficiaria a empreiteira responsável pelo projeto ainda ontem, dia 7, para que suspendesse a obra. O secretário também encaminharia ofício ao ParanaCidade, órgão do Governo do Estado de onde vieram os recursos para execução do pavimento, informando sobre o ocorrido.
Clodoaldo também informou que algo em torno de 62% da obra já foi pago à empreiteira. Questionado sobre a fiscalização do projeto, ele informou que ela cabia a um engenheiro da SMOP e outro do ParanáCidade e que ambos não identificaram qualquer tipo de problema com o serviço, assinando, inclusive, as medições do trabalho executado para que a empresa pudesse receber.
Meu irmão
Nossa reportagem entrou em contato com Sérgio Bernardi, um dos proprietários da SRB Engenharia, responsável pela obra. De acordo com ele, a pavimentação da Manoel Ribas especificamente estaria sob a responsabilidade de seu irmão, que também é sócio da empresa, só que ele estaria viajando e só voltaria nesta terça-feira, dia 8, quando poderia dar maiores esclarecimentos sobre o caso.