Usuários irritados com o descaso nos postos de saúde
No Posto do Costeira idosa ficou mais de 8 horas aguardando

Longas filas de espera e pacientes que reclamam do atendimento na rede pública de saúde são cenas bastante comuns nas unidades de saúde de Araucária. A insatisfação dos usuários com os serviços prestados pelo município pode ser facilmente comprovada pela quantidade de reclamações que chegam semanalmente à redação do Jornal O Popular.

Na sexta-feira, dia 3, a idosa Geneci Josefa do Nascimento, de 70 anos, ficou mais de oito horas à espera de uma consulta que já havia sido marcada pela Unidade de Saúde do Costeira. “O postinho me ligou na quinta-feira pedindo que eu viesse na sexta fazer uma pré-consulta. Cheguei lá às 11 horas, mas fiquei plantada até às 19h30. Ainda por cima a médica foi de uma grosseria tamanha quando me viu nervosa do jeito que eu estava, de tanto esperar”, relatou.

A filha de dona Geneci, Ilma Andréia Nascimento, disse que a mãe tem pressão alta e ficou muito nervosa. “Ainda por cima ela ficou todo esse tempo sem comer, qualquer um ficaria irritado com esta falta de respeito”, reclamou.

A situação de um menino de 11 anos, que se engasgou com um palito ao comer um salgadinho e não foi atendido pelos médicos do Pronto Atendimento Infantil – PAI, no domingo, dia 5, foi ainda mais desesperadora. Conforme conta o pai, que não quis se identificar, o menino chegou no posto engasgado e sem poder falar, e, ao passar pela triagem, a médica simplesmente disse que ele precisava ser transferido para o Hospital Municipal – HMA, mas naquele momento não havia vagas disponíveis. O pai conta que a médica tentou então uma vaga no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, mas também não teve sucesso.

“Ela chegou a dizer que meu filho teria que ficar em observação até abrir uma vaga. Meu Deus! Fiquei desesperado porque ele estava passando mal, nem conseguia respirar direito. Me alterei e foi então que acionaram a Guarda Municipal. Não ofendi e nem xinguei ninguém, apenas peguei meu filho e me dirigi ao Pequeno Príncipe, paguei a consulta do meu bolso e felizmente meu filho foi atendido. Isso é um absurdo, é negligência médica, porque ele poderia ter morrido e fizeram pouco caso da gravidade do problema”, disse o pai do garoto.

Mais descaso
A outra denúncia que chegou até o Popular aconteceu no domingo retrasado, dia 29 de janeiro. O filho de Lúcia Helena Feuzer sofreu uma queimadura na perna devido a um acidente de trabalho. Ela conta que eles procuraram atendimento no NIS no domingo à tarde e a médica simplesmente alegou que não havia remédio para aquele tipo de ferimento e que ele precisava ir até um posto de saúde na segunda-feira.

“Quando chegamos no PS do Costeira na segunda, a médica que nos atendeu disse que meu filho teria que ter sido encaminhado para o Evangélico, porque a queimadura era de segundo grau, mas também não medicou ele”, relatou a mãe.

Ela conta que na quarta-feira retornou ao PS com o filho e eles lavaram a queimadura, mas novamente sem colocar remédios. “Imagine que você chega no postinho com um corte profundo, eles simplesmente estancam o sangue e te mandam pra casa. Foi mais ou menos assim”, diz a mãe irritada. Ainda de acordo com ela, o filho desistiu de tanto ser mal atendido e cuidou do ferimento em casa.

Sobre a situação no Posto do Costeira, a Secretaria de Saúde informou que vai se reunir com a equipe e verificar o que ocorreu de fato para que a idosa ficasse tantas horas aguardando. A orientação da Saúde é de que a família procure a Ouvidoria e registre uma reclamação formal, que futuramente poderá servir como documento para uma eventual necessidade.

Quanto ao menino de 11 anos que engoliu um palito, o diretor de Gestão Hospitalar Urgência e Emergência da Secretaria de Saúde, César Neves, explicou que a médica que atendeu o paciente fez os procedimentos normais que deveriam ser feitos, ou seja, examinou o garoto e constatou que não havia nada preso na garganta e que ele deveria ser encaminhado para um centro de referência para fazer uma endoscopia. “Em Curitiba temos dois locais apenas que fazem este tipo de intervenção de corpo estranho em crianças: o Pequeno Príncipe e o Evangélico, mas o pai do menino não quis aguardar o encaminhamento. Seu filho estaria em observação o tempo todo, mas entendemos o nervosismo dele como pai”, disse o médico.

Quanto ao jovem que sofreu queimaduras, o diretor apenas orientou que a família faça uma reclamação formal na Ouvidoria da Saúde para que o caso seja melhor verificado. No entanto, adiantou que quando se trata de queimadura de segundo grau, nem sempre é necessária a aplicação de remédios. “Qualquer pessoa que tenha problemas com o atendimento na saúde poderá fazer uma reclamação formal na nossa Ouvidoria pelo 0800-643-7744 para que o problema seja investigado. A ligação é gratuita e poderá ser feita das 8 às 17 horas”, orientou.