Violência no Balbina assusta a comunidade
A escola chegou ao ponto de suspender as aulas por dois dias diante das ameaças

Medo e tensão. Este é o clima vivido por alunos e professores da Escola Municipal Profª Balbina Pereira de Souza, no Jardim Santa Clara, bairro Campina da Barra. A escola chegou ao extremo de suspender as aulas por dois dias – terça-feira (27) e quarta-feira (28) – após ter registrado casos de invasão e agressão a uma aluna, ameaças a diretora e presença de pessoas armadas no portão do colégio.

Todas as ocorrências foram notificadas à Guarda Municipal, à Secretaria de Educação (SMED) e à Polícia Civil. Na terça-feira, dia 27, a direção se reuniu com a SMED e com o Departamento de Ação e Prevenção da Guarda Municipal para discutir ações que possam garantir mais segurança para a comunidade escolar.

De acordo com a presidente do Sismmar, Giovana Piletti, a questão da violência nas escolas, em especial, na Escola Balbina, não é recente, pois desde o início do ano o assunto vem sendo debatido, assim como o apelo ao Poder Público tem sido feito. “A Escola Balbina se reuniu com os pais em março e na ocasião já abordou a situação de vulnerabilidade da escola. A presença da Guarda Municipal e do inspetor escolar já eram promessas antigas, mas a instituição precisou chegar ao limite de paralisar as aulas por dois dias para sensibilizar o poder público. È importante ressaltar que a Balbina não é a única escola a sofrer com o problema da violência”, declarou Giovana.

A presidente do Sismmar disse ainda que em função deste problema, no primeiro semestre foi elaborado um amplo relatório com as deficiências de segurança da unidade e propondo ações para enfrentar o problema. O documento foi apresentado na plenária do Fórum de Enfrentamento à Violência nas Escolas, em junho deste ano, e encaminhado a vários organismos do poder público.

Problema nacional
O secretário municipal de Educação, Ronaldo Assis Martins, ponderou que a violência escolar é um problema nacional e que reclamações com relação a isso são freqüentes nas escolas do município. “A questão da invasão ocorrida na Escola Balbina foi um fato isolado, mas a SMED sempre esteve aberta a discussões com as escolas para tentar buscar soluções. A direção da Balbina esteve aqui na secretaria e logo entramos em contato com a Secretaria de Segurança para que enviassem um guarda municipal para fazer a segurança. Também já fizemos o pedido de colocar um inspetor de ensino para supervisionar os alunos em horário de aula, mas isso pode demorar um pouco porque ainda não temos a figura deste profissional no quadro funcional”, explicou.

Sem aval
Ronaldo falou também que o fato de a escola ter suspendido as atividades por dois dias foi uma medida extrema e os professores terão que fazer a reposição das aulas perdidas. “A SMED não concordou com isso e acreditamos que a própria escola pode adotar algumas medidas de segurança, como controlar a freqüência dos alunos”, pontuou.
A reportagem do Jornal O Popular procurou a diretora da escola Balbina, Dirléia Martins, mas ela preferiu não dar muitos detalhes sobre a situação, informou apenas que os encaminhamentos necessários e ao alcance da escola foram tomados.

Pais estão assustados
 

Nunca o movimento de pais foi tão intenso em frente à Escola Municipal Professora Balbina de Souza, no jardim Santa Clara, como na manhã desta quinta-feira, 29 de agosto. Preocupados com a decisão da instituição de suspender as aulas por dois dias em virtude dos casos de violência da última semana, mães, avós e pais decidiram entregar pessoalmente seus rebentos na porta da escola. “Minha filha está no nono ano e ficamos muito preocupados quando recebemos a notícia da suspensão das aulas. Afinal, a gente sai pra trabalhar acreditando que ela está num lugar seguro, daí ficamos sabendo disso. Dá medo”, relata o operador José Amarildo Porfirio, que mora no bairro desde 1999.

Preocupação semelhante é de outra mãe, que tem dois filhos estudando na instituição: um pela manhã e outro à tarde. “Nunca tive problemas aqui com a escola, então fiquei assustada com essa situação”, conta, pedindo para não ser identificada. “Meus filhos relatam que às vezes tem uma briguinha dentro da escola, mas nada de tão grave como o caso de agora”, acrescenta.

Outra mãe, que também preferiu não dizer o nome, relata que normalmente sai de casa às 6h30 para trabalhar. Ontem (quarta-feira), porém, teve que faltar ao serviço para acompanhar o filho de 12 anos no retorno às aulas. “Tenho duas outras filhas que estudaram aqui e nunca viram uma situação assim. Então, fiquei assustada e vim acompanhá-lo”, conta.

O barman Valdomiro Tadeu da Silva também encarou o frio intenso da manhã de quinta-feira para levar à filha à aula. “Normalmente, quem a traz pra escola é minha esposa, mas hoje decidi acompanhá-la. Fiquei preocupado com essa violência toda”, relata. Ele ainda considera que o grande problema é a aglomeração de pessoas em frente à escola que acaba gerando esses conflitos e pede uma atenção maior da Guarda Municipal ao local. “Precisamos dos guardas rondando as escolas, evitando a aglomeração de pessoas”, pondera.

Mara, mãe de um aluno de 9 anos, também confessou que está apavorada com as ameaças que a escola vem sofrendo e teme que apenas a presença de um guarda municipal não vá suprir a deficiência da falta de segurança. “A situação está tensa demais, a escola está passando por uma crise onde poucos ameaçam a vida de muitos. Não consigo mais ficar tranqüila enquanto meu filho está na escola. O mais triste é saber que o ambiente escolar deveria ser um local seguro e não uma ameaça à vida dos nossos filhos”, lamentou.

Estrutura
Quando esteve em frente à escola na manhã de ontem, nossa reportagem ouviu outros diversos relatos de alunos e pais com relação à instituição. A maioria deles disse que a escola não é problemática e que apenas algumas intervenções por parte da mantenedora já traria calma ao local, como a substituição do muro tipo palito por um muro fechado, dificultando a entrada de objetos perigosos para o interior da instituição.

Os pais também reivindicaram o aumento do tamanho do muro dos fundos, que seria muito baixo, o que acabaria facilitando que pessoas estranhas ao ambiente escolar invadissem o Balbina no horário de aula.

Sobre a reivindicação da escola em erguer o muro para aumentar a segurança, o secretário de Educação, Ronaldo Martins, destacou que a Prefeitura está estudando o caso. “Temos que tomar cuidado, pois não podemos transformar a escola em um presídio. Vamos fazer um muro normal e não da altura que a escola quer, mas isso não deverá ser feito de imediato”, ponderou.