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No livro do Levítico 11,54 encontramos a chamada de Deus dirigida a cada um de nós: ‘sede, pois, santos, porque eu sou santo’. O concílio Vaticano II também retoma essa centralidade da nossa vida: ‘munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho’. Claramente, o documento afirma que todos nós somos chamados a sermos santos, cada um por seu caminho. Todos são chamados a serem testemunhas, dando o melhor de si mesmo lá onde vivem, onde exercem a sua missão, seja como pai, mãe, membro de uma igreja, no seu trabalho, ou no encontro com os irmãos.

Para ser santo, não precisa ser bispo, padre ou religioso. Diz o papa Francisco: ‘muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm a possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos nós somos chamados a sermos santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho a serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido de autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais’.

No dia a dia, em cada ação, em cada gesto ou palavra, somos convidados a sermos testemunhas do amor de Deus aos irmãos. A santidade não se realiza através de obras gigantescas, de construções faraônicas, de projetos extraterrestres, mas na delicadeza com que você realiza tudo, em prol do próximo. Quando você se interessa por alguém que está sofrendo; escuta com atenção e interesse aquele que está cheio de dúvidas e problemas; diz palavras de conforto a quem está caído e desanimado; deixa de lado os teus prazeres para atender quem está em situação de dor e sofrimento, você, com certeza, está vivendo a sua vocação à santidade. Por detrás de cada pequeno gesto, se percebe o amor, o carinho, a ternura, a misericórdia do próprio Deus.

Diversas vezes Jesus vai nos alertar sobre a essência da nossa vida: o amor a Deus e o amor aos irmãos, como a si mesmo. É o amor que nos santifica e nos aproxima daquilo que é a vontade do próprio Deus a respeito da nossa vida aqui na terra. Os grandes santos não necessariamente fizeram coisas extraordinárias, mas realizaram tudo com muito amor. Maria, a mãe de Jesus e também nossa mãe, não construiu coisas materiais, mas, a sua vida foi cheia de amor, de ternura, de cuidado para com o seu filho e com todos os que cruzavam o seu caminho. Ela nos dá o exemplo de santidade nas pequenas coisas, nos pequenos gestos, realizados com amor, única e exclusivamente em prol do próximo.

Todos nós somos chamados à santidade, e, isso significa viver o amor desinteressado, livre, gratuito, incondicional a Deus e aos irmãos. Quer ser santo? É fácil! Faça tudo com amor, desde um bom dia ao amanhecer, um olhar meigo com quem está sofrendo, uma palavra de conforto ao caído, uma ação em prol de quem está passando necessidade. Um amor que brota do coração, sem esperar trocas e nem retorno. O amor ágape é a essência da santidade.

Publicado na edição 1236 – 29/10/2020

Chamados à santidade
Chamados à santidade 1

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