Para os pacientes em tratamento contra o câncer, a perspectiva de cura é uma grande aliada. De acordo com estudos recentes, as chances de cura contra os tumores malignos cresceram muito nos últimos anos, graças ao diagnóstico precoce, à boa resposta ao tratamento e ainda às características de cada paciente. Devido a esses fatores, a remissão já é uma realidade para muitas pessoas. Mesmo assim, o paciente precisa manter alguns cuidados com a saúde e ficar atento para não ser surpreendido com uma recidiva.
A araucariense Dayane Wojcik, 25 anos, formada em Ciências Contábeis, foi diagnosticada com Linfoma de Hodgkin E lll no início de 2016 e está em remissão desde o final deste mesmo ano. Ela conta o drama que enfrentou durante o tratamento e de que como convive hoje, com a expectativa da cura total. “Meu tratamento teve início imediato, pois meu câncer estava avançado e durou cerca de quase um ano. Quando recebi o diagnóstico foi um baque, tanto para mim, como para a minha família. No começo fiquei muito triste e também com medo, porque sabia que não seria fácil, mas também sabia que eu teria que lutar como nunca tinha lutado na vida. Cada dia era um novo desafio, tinha dias bons, mas na maioria eram dias ruins, mesmo assim eu nunca perdi a fé. Algumas vezes pensei em desistir, pois tinha perdido o meu cabelo que amava tanto, sentia muitas dores, passava muito mal, me sentia muito fraca e cansada o tempo todo, não conseguia comer, precisava de ajuda para tudo, até para levantar da cama, e por conta de tudo isso eu acabava não querendo mais fazer o tratamento, afinal, quem queria se sentir assim. Então vinha um novo dia, eu respirava fundo e pensava: puxa, já cheguei até aqui, porque desistir agora! Erguia a cabeça e seguia lutando, pois tinha fé que iria conseguir vencer”, relatou Dayane.
Planos adiados
A contadora confessou que tudo foi muito assustador, pois a palavra câncer, por si só, já é apavorante, independentemente do tipo da doença. “Quando recebia a notícia que o tratamento estava dando certo, era maravilhoso e gratificante. Claro que para enfrentar a batalha contra o câncer tive que abrir mão de muitas coisas na época, como o último ano da faculdade, trabalho, adiar planos e outras coisas que gostava muito, isso foi difícil demais, mas no fundo eu sabia que seria um adiamento temporário, que assim que eu melhorasse seguiria com todos os meus planos”, contou.
Para enfrentar o câncer, Dayane contou com o apoio da família e amigos. “Eles foram a minha base, a minha fortaleza, pois sem o apoio e cuidado deles eu não teria conseguido vencer. Eu lutei e venci por eles. Eles sempre estavam comigo, principalmente nos piores dias, estavam lá segurando a minha mão e dizendo que ia dar tudo certo, que eu iria melhorar e que eu iria vencer, mesmo que em alguns momentos eu duvidasse disso. Graças a eles, a Deus e aos médicos, estou aqui hoje, fazendo esse relato”, disse.
Vida pós câncer
Dayane falou da vida após o câncer e de como a doença vai embora, porém deixa sequelas e traumas, não só físicos, mas também emocionais. “Os traumas emocionais, são os mais difíceis, ainda assim a gente se recupera. Podemos não esquecer nunca de tudo que passamos, mas o câncer te transforma, te ensina e você se descobre de uma maneira incrível, que jamais imaginaria. O câncer me mudou, tanto na aparência quanto como pessoa, me deixou cicatrizes e memórias que jamais irei esquecer, me mostrou o quanto eu posso ser forte, me ensinou coisas sobre mim que talvez eu não teria descoberto sem ele, me mostrou quem são meus verdadeiros amigos, quem realmente se importa e gosta de mim, me mostrou o quanto a família é importante e principalmente o amor que existe dentro de cada um, fazendo com que a sua dor e seu sofrimento diminua ou até mesmo acabe, não deixando você desistir nunca. E o melhor de tudo é que eu venci”, comemorou a araucariense.
Ela também fez questão de deixar uma mensagem para as mulheres que estão iniciando essa batalha contra o câncer. “Vocês, guerreiras que já estão batalhando, sei muito bem como a luta é um processo grande, longo e muitas vezes doloroso, mas não desistam, lutem com todas as suas forças, lutem com toda a sua fé, escolham a vida, escolham viver, escolham vencer, sejam vencedoras. Mesmo que estejam cansadas e não aguentem mais, tentem e continuem tentando, todos os dias, um dia de cada vez. Mas se realmente não conseguirem, não tem problema, vocês fizeram o seu melhor e não se deem por vencidas, pois vocês serão as grandes guerreiras e exemplo para muitas, tenham muito orgulho de si mesmas, porque só vocês vão saber o quanto foram fortes e o quanto lutaram, acreditem e se orgulhem muito de si mesmas”, aconselhou.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1284 – 21/10/2021