A economia é área do conhecimento em que poucas pessoas têm razoável domínio e que apresenta divergências de opinião muito frequentes e acirradas. Por afetar de forma direta a vida das pessoas e das sociedades a economia e suas doutrinas estão entrelaçadas fortemente com a política. O interesse político ou o desejo de obter vantagens, de forma isolada ou combinadamente, explicam porque determinadas teorias econômicas ganham maior espaço nos grandes meios de comunicação. Separar onde termina o dever da informação isenta e onde começa a defesa de uma posição movida por interesses é tarefa quase impossível. Os grandes conglomerados de comunicação raramente fogem do patrocínio de uma ou de outra corrente política, nem sempre de origem partidária ou vinculada a um determinado candidato, que lhes garanta o suporte econômico para a manutenção da pesada estrutura que representam e para atender o interesse pessoal de seus controladores. No caso dos órgãos de imprensa menores, por incrível que pareça, encontra-se um espaço maior para ideias com maior autenticidade e independência ainda que partam de pessoas com menor conhecimento. Os pequenos não estão no foco direto dos grandes interesses e a vinculação com um “padrinho” mais fraco pode decretar o fim do órgão nascente, assim que o apoio for retirado. É difícil explicar que pessoas comuns manifestem opiniões tão contundentes, nas chamadas redes sociais ou em outras instâncias, sobre a elevação do dólar verificada recentemente. Não deve ser por interesse de obter vantagem financeira, pois os que podem ter lucros ou perdas astronômicas com a oscilação da moeda americana sequer delas tomarão conhecimento. Além do mais, duvido que realmente conheçam o suficiente do assunto para emitir uma opinião. Para ilustrar o quanto o assunto é complexo, em uma simples busca do tema no site www.gazetadopovo.com.br encontrei aproximadamente 26.400 resultados, gastando apenas um terço de segundo. Dentre as informações que mais me chamaram a atenção sobre a alta do dólar, destaco: 1 – em reportagem publicada no dia 26/09/15, lê-se que “se fosse atualizado com base no IPCA (inflação oficial do Brasil) e do CPI (índice de preços americano), seria hoje de R$ 6,88” em comparação com a cotação de outubro de 2002. 2 – No dia 22/09/15, tem-se que “O principal combustível para a projeção de um avanço mais forte dos preços em 2016 é a escalada da taxa de câmbio”. 3 – Em 22/05/15, a primeira frase da matéria diz que “O real foi vítima de um esquema internacional de manipulação das taxas de câmbio que envolveu seis dos maiores bancos globais e resultou em multas que superam os US$ 5,6 bilhões.”, conforme esquema descoberto por autoridades dos Estados Unidos. 4 – No dia 11/04/15, uma matéria abre dizendo que “A alta do câmbio joga a favor do exportador, pois lhe permite reduzir preços em dólar e ficar mais competitivo lá fora sem sacrificar a rentabilidade.”. Todas as frases foram pinçadas de artigos do sítio da Gazeta do Povo e, por estarem fora do contexto em que se encontravam, não há pretensão de que relatem o tom da matéria. Apenas mostram a complexidade do tema e a gama de interesses envolvidos na flutuação das moedas, na economia globalizada. Não conheço o suficiente de economia para opinar definitivamente sobre a elevação do dólar, mas percebo que é importante procurar saber mais sobre tão complexa conjuntura e que a tantos interesses pode atender.