A história na ponta da agulha

Máquina de costura pertencente ao acervo do Museu Tingüi-Cuera. Foto tirada em 2018
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A história na ponta da agulha
Máquina de costura pertencente ao acervo do Museu Tingüi-Cuera. Foto tirada em 2018

 

A costura artesanal teve início ainda na pré-história com a produção de vestuários feitos com peles de animais, através da utilização de pelos e agulhas feitas de ossos e marfim. Na Idade Média surgiram as primeiras agulhas feitas em ferro e a confecção de túnicas em algodão, além das peças em lã. Todo o trabalho era feito de forma artesanal e manufaturada, até que no século XVIII, com o advento da Revolução Industrial, surgiram na Europa as primeiras máquinas de costura, que acabaram por substituir o trabalho de muitos artesãos, já que sua produção era mais ágil e padronizada, gerando revoltas que levaram ao ateamento de fogo em máquinas de costura das fábricas que começavam a surgir. Além disso, o aprendizado técnico da costura foi substituindo o ensinamento artesanal mestre/aprendiz, que era passado de geração em geração. Mas a costura com características artesanais não sucumbiu totalmente, já que eram encomendadas pela burguesia peças exclusivas e feitas sob medida para se diferenciar das peças produzidas em larga escala pelas indústrias têxteis, utilizadas por camponeses e proletariados. Surgiu, então, a alta costura, empregada por costureiras e alfaiates.

Em Araucária a produção de vestuários em série só chegaria, aos poucos, após a industrialização e metropolização de Curitiba, na década de 1960. Até então a população – pobres e ricos – compravam um pedaço de tecido, chamado de fazenda, para que as costureiras e alfaiates costurassem roupas sob medida, e esse ofício era aprendido de forma artesanal, geralmente entre familiares. Em Araucária a produção de vestuários em série só chegaria, aos poucos, após a industrialização e metropolização de Curitiba, na década de 1960. Até então a população – pobres e ricos – compravam um pedaço de tecido, chamado de fazenda, para que as costureiras e alfaiates costurassem roupas sob medida, e esse ofício era aprendido de forma artesanal, geralmente entre familiares.

A história na ponta da agulha
Alfaiataria de Alcides Gomes Rocha, que funciona desde 1975. Foto tirada em 2012

O senhor Lúcio Mosson foi alfaiate em Araucária por quase 50 anos, de 1957 a 2005. Filho de agricultores, ele aprendeu a profissão com seu tio Salvador Knopik e trabalhou durante muitos anos com outro tio, o José Janoski, que já era proprietário de uma alfaiataria no centro do município. Segundo ele, seu principal trabalho era a confecção de ternos, casacos e camisas. O senhor Ipenor Boratto também foi alfaiate desde 1958, quando chegou a Araucária vindo do Rio Grande do Sul, e ensinou o ofício para seu cunhado Benjamim Coser. Antes de existir eletricidade em Araucária eles utilizavam o pesado ferro em brasa para passar as peças e arrumar os frisos, de modo que precisavam de muito cuidado para a brasa não estourar e queimar os tecidos.

Ainda hoje alfaiates e costureiras de Araucária são procurados para ajustes e consertos, e também produção de peças exclusivas e únicas. Sem a pretensão de competir com as fábricas de produção em série, seu diferencial está na execução de trabalho artesanal, dotado de valor simbólico e tradicional, que perdura através das gerações.

 

Texto: Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono

Publicado na edição 1116 – 07/06/2018

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