A voz do Bom Pastor

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No tempo de Jesus era comum que quase todas as famílias criassem ovelhas no campo, pelo clima seco e pelo aspecto geográfico de Israel. Mas de modo geral, os pastores não eram muito bem vistos, porque eram rudes e as vezes até violentos. Dificilmente alguém que escolhia um pastor para defendê-lo no tribunal, ganhava a causa. Existia uma grande resistência em acreditar na sua palavra, por causa do seu jeito de ser e de conduzir a vida. No entanto, algo chamava a atenção, pois as ovelhas reconheciam a voz seu do pastor e o seguiam. À noite, todos os rebanhos eram colocados no mesmo local e, fechadas as portas, permanecia um guarda cuidando das ovelhas. Na parte da manhã, quando chegava o pastor, abria a porta e falava as suas ovelhas o reconheciam imediatamente pela voz e o seguiam. Assim sucessivamente, as ovelhas se levantavam quando o seu pastor as chamava. E ele as conduzia para verdes pastagens e águas cristalinas.

Essa imagem chamou muito a atenção de Jesus, que se denomina ‘O Bom Pastor’; as ovelhas conhecem a sua voz e o seguem porque tem certeza que ele vai conduzi-las para lugares que tem vida, e vida em abundância. Elas não seguem qualquer um, sobretudo, os líderes religiosos e políticos da época, que tem como interesse seus privilégios e ganhos pessoais. Jesus se apresenta como aquele que veio dar a vida pelas suas ovelhas e o seu objetivo é que elas possam viver plenamente. Tudo o que ele diz e faz, através de palavras, gestos e ações, é feito na gratuidade pensando exclusivamente no seu bem e na sua vida plena. Nunca, em toda a história da humanidade, alguém se preocupou tanto e de modo tão gratuito, pensando somente no bem das ovelhas, ou seja, no bem de cada ser humano.

A imagem do Bom Pastor teve uma força impactante desde o início do cristianismo. Nas catacumbas, onde eram enterrados os primeiros cristãos, encontramos inúmeros afrescos, ou seja, desenhos em pedras, onde Jesus aparece com uma ovelha sobre seus ombros ou então, cuidando e acariciando suas ovelhas, especialmente aquelas que estão doentes ou feridas. É a imagem de Jesus que veio preferencialmente para os doentes, os pecadores, pobres, os marginalizados, os excluídos, os últimos da sociedade. É marcante e impressionante este quadro, porque reflete o modo como os primeiros cristãos viram e testemunharam Jesus.

Claramente o Pastor é aquele que dá a vida por suas ovelhas, deixando de lado seus interesses pessoais e vantagens próprias, a exemplo de Jesus, o único Bom Pastor. A Igreja chama de pastor todos aqueles que têm algum ministério de liderança, desde o papa até os líderes comunitários. Muitos se autodenominam pastores, mas são verdadeiros mercenários, porque pensam somente no seu próprio benefício. Mercenário é aquele que trabalha somente por causa do dinheiro, do seu ganho pessoal, é apenas um empregado, e quando vê o perigo, deixa as ovelhas na mão. Não está preocupado de verdade com a sua vida e a sua felicidade.

Neste dia do Bom Pastor, somos chamados como católicos, a rezar pelo nosso papa Francisco, que pastoreia e conduz a nossa igreja. Pelos bispos, padres, religiosos, lideranças leigas, assim como por todos aqueles que exercem uma função em suas igrejas, na família ou no trabalho, para que pensem no bem das pessoas e não na sua vantagem pessoal. Que a sua alegria seja conseqüência do bem que fi zeram e do amor que espalharam, do desejo sincero de querer a plena realização do outro. Que a voz firme e terna de Jesus, o Bom Pastor, possa também ecoar através da nossa voz, que reflete nossos gestos de amor em prol do próximo.

Publicado na edição 1210 – 30/04/2020

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