Agora mulher paga igual ao homem na balada
Baladas não terão mais entrada livre ou com valor mais barato para a mulherada

 

Após alguns frequentadores de baladas em vários estados terem entrado na justiça para questionar a cobrança diferenciada nos ingressos de homens e mulheres, o Ministério Público entrou na briga e disse que a prática é mesmo ilegal, porque utiliza a mulher como estratégia de marketing. A proibição vai começar a valer mesmo só daqui um mês, mas a novidade correu pelas baladas do Brasil e ganhou destaque na mídia.

Na verdade, quem está dizendo que mulher pagar menos que homem é ilegal é a Secretaria Nacional do Consumidor, órgão ligado ao Ministério da Justiça. A secretaria já começou a divulgar a partir desta segunda-feira, 3 de julho, uma orientação para restaurantes, bares e casas noturnas. O texto diz: “Diferenciação de preço entre homens e mulheres é uma afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana, uma prática comercial abusiva. Utiliza a mulher como estratégia de marketing que a coloca em situação de inferioridade.” A secretaria orienta ainda que sejam feitas fiscalizações nas casas noturnas, para que essa cobrança diferenciada de preço deixe de existir em todo o Brasil.

Em Araucária, proprietários de bares e casas noturnas, que costuma promover eventos, ainda estão se inteirando sobre a questão. O Botequim da Villa, por exemplo, alegou que não vê problema em cobrar mais barato para mulheres e até hoje a casa não teve nenhuma reclamação. “Usamos a prática como vantagem competitiva, é uma estratégia mercadológica para eventos de menor apelo, entretanto, em shows nacionais e eventos especiais, cobramos valores iguais”, explicou Elias Teixeira, consultor de Marketing e responsável pelas mídias sociais do Botequim da Villa. Ele disse ainda que outra prática da casa é dar benefícios aos frequentadores fiéis, e sempre oferecer alguma vantagem, seja na entrada ou no consumo do bar, por esses e outros motivos é que a casa estaria obtendo bons resultados. “Mesmo diante de tudo, o que a justiça determinar vamos cumprir”, pontuou.

No Boteko do Piska também existe a prática de cobrança diferenciada, isso porque o proprietário acredita que se cobrar ingresso de igual valor, as mulheres não vão. “Mas vamos seguir a determinação, com horário free tanto para homens quanto para mulheres, mas para aproveitar este benefício eles terão que chegar cedo”, explicou.

O proprietário de outra casa de eventos da cidade explicou que não costuma fazer distinção no valor da entrada de homens e mulheres. “Aqui todos pagam igual, e a casa sempre teve este formato, não faz este apelo pra agregar público, utiliza outras formas de atrair as pessoas, sem expor as mulheres. Portanto, esta determinação judicial não vai afetar em nada a rotina da casa”, ponderou.

Para o promotor de eventos Cleverson Ribeiro, mais conhecido como Scott, a suspensão da cobrança diferenciada veio em boa hora, pois a mulher não pode mais ser usada como um produto atrativo. Confesso que nos meus eventos eu costumava cobrar ingresso de R$ 20,00 para homens e R$ 10,00 para mulheres, mas vou me adaptar e seguir a determinação, e para que ninguém saia perdendo, vou passar a cobrar R$ 15,00 de ambos”, disse Scott, ressaltando que também pretende extinguir a entrada free.

 

Texto: Maurenn Bernardo / Foto: arquivo o popular do paraná