Araucária é uma cidade interessante, principalmente no que diz respeito à política. Aqui, um processo eleitoral parece não chegar ao fim no dia fatal em que o eleitor tecla seu voto na urna. Foi assim em 2004 quando Zezé foi declarado inelegível, Olizandro tomou o seu lugar e assumiu o comando da Prefeitura. Passamos os anos seguintes àquela eleição com intermináveis discussões acerca de uma possível volta de Albanor ou mesmo uma cassação da chapa que culminou com a assunção de Olizandro.
Em 2008, novamente, a mesma discussão. Zezé ressurgiu e agora tinha como adversário Olizandro. Como sabemos, Albanor venceu, mas até o dia de sua posse ainda pairavam dúvidas se ele reuniria condições jurídicas de assumir a Prefeitura. A história mostra que ele assumiu e mesmo assim passamos os meses e anos seguintes com um olho em Brasília, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pois havia a possibilidade de Albanor ser pinchado do cargo a qualquer momento. Não foi. Veio 2012, novo round entre Olizandro e Zezé. Venceu Olizandro, mas fechadas as urnas, o que vimos foi a maldição de Brasília recaindo sobre o peemedebista. Passamos todo o ano de 2013 com os olhos no TSE, já que havia a possiblidade de o prefeito ser arrancado do cargo numa canetada. Como vimos, não foi.
Com esse breve retrospecto, o que quero dizer é que, nas três últimas gestões sempre tivemos o primeiro ano de cada uma delas perdido. Isso porque os prefeitos, vereadores, parte da população, o funcionalismo e outros atores da política araucariense não focaram suas atenções única e exclusivamente em nossa cidade. Não governaram, não administraram, não somente trabalharam. Ficaram com um olho aqui e outro nas decisões da Justiça Eleitoral. Deus, como isso é péssimo para um governo e para os governados. Afinal, é no primeiro ano de administração que se dá o norte ao seu mandato, que se planejam as ações de governo, que se definem as prioridades do Município, que se assenta a equipe de secretários e outros cargos chaves e assim por diante. Enfim, é no primeiro ano que se mostra a que veio!
Com a perda do primeiro ano de mandato, acabamos – admitindo ou não – jogando a etapa de planejamento para o segundo ano. E aí, prezados, já é tarde demais. Se o norte não for dado no primeiro ano, não se dá mais. O mandatário deixa de ditar os rumos e passa apenas a guiar um barco sem direção, que hora vai à direção que as ondas levarem, hora segue conforme o vento empurra. Isso quando não fica simplesmente parado em alto mar.
E isso acontece porque a lógica da administração pública não segue à de uma empresa privada, ou mesmo a lógica que você, pai, mãe de família, adota em sua casa. Num órgão público, a senhora do tempo é a próxima eleição. Por isso é vital que toda a fase de planejamento se dê no primeiro ano, já que no segundo é, novamente, ano eleitoral. Logo, parte das atenções dos nossos homens públicos está voltada à eleição estadual. De novo, os políticos locais não mantém foco somente nas demandas do Município. Ato contínuo, o terceiro ano de mandato é o penúltimo da gestão, quando obras e ações de governo deveriam estar sendo experimentadas pela comunidade. Por derradeiro, o quarto ano, serve única e exclusivamente para colheita daquilo que foi plantado lá no primeiro ano. Mas como colher bons frutos se o plantio não foi bem feito, não é?
Dito tudo isto, fica a nossa torcida para que, em 2016, a eleição se encerre no dia do voto e que, no dia seguinte, o eleito já que comece a fase de governança. Oremos!
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