Roberta Habinoski, 30 anos, e Bruno, 35, estão juntos há 13 anos. Eles se conheceram no Orkut, em 2009, e logo que começaram a trocar mensagens, ele contou que era surdo. Mas para ela, isso não mudou em nada a vontade de conhecer melhor aquele que seria seu futuro companheiro para a vida. “Quando o Bruno me contou que era surdo, eu não sabia nada de Libras. Depois de algumas semanas que nos conhecemos, e começamos a namorar, aprendi a língua de sinais. O relacionamento então fluiu, em 2014 ele me pediu em casamento e em 2019 subimos no altar”, conta Roberta.
Hoje formada em Gestão de Recursos Humanos, a araucariense já tem curso de Libras e se tornou intérprete para pessoas com deficiência auditiva. “Logo que me formei trabalhei na área de RH, mas depois passei a trabalhar apenas como intérprete. Fiz alguns trabalhos, passei por uma banca avaliativa e hoje tenho fluência em Libras. Paralelamente a esse meu trabalho, me tornei uma digital influencer.
Comecei a postar alguns vídeos no Tik Tok durante a pandemia, com algumas dancinhas e depois pensei comigo, porque não falar sobre a minha vida? Fiz um primeiro vídeo, falando que meu marido era surdo, contando o dia a dia na vida de um casal ouvinte e surdo, e em pouco tempo esse vídeo viralizou e os comentários bombaram. Então, pude perceber que uma parte gigantesca da população tem dúvidas sobre a surdez. Dúvidas do tipo ‘se teu marido é surdo, como que ele lê? ‘Se teu marido é surdo, ele também é mudo?’, Dali em diante decidi falar mais a respeito, quebrar alguns tabus, e ajudar a esclarecer as dúvidas das pessoas”, relata.
Hoje Roberta tem mais de 76 mil seguidores no Instagram e suas postagens continuam ajudando as pessoas a quebrar tabus sobre a surdez. Já o Bruno, trabalha na linha de produção de uma multinacional de carros. Em 2021 eles tiveram uma filha, que nasceu sem deficiência. “Nossa única preocupação é ensinar a ela, desde pequena, a língua de sinais para que possa se comunicar perfeitamente com o papai e também com os amiguinhos que são surdos ou que possuem pais surdos”, explica Roberta.
Desafios
Como todo casal ouvinte e surdo, Roberta e Bruno também enfrentam muitos desafios. “O Bruno depende muito de mim para certas coisas, por exemplo, nas consultas médicas, nas idas ao supermercado, à farmácia. Mas isso acontece porque a maioria não sabe Libras, o que torna difícil ele se comunicar. Por isso que defendo a ideia de que a Língua de Sinais seja incluída como matéria obrigatória nas escolas, desde as séries iniciais. Somente dessa forma teremos futuros médicos, secretárias, recepcionistas, caixas de mercado, enfim, pessoas que saibam se comunicar, para que possamos tornar o mundo mais inclusivo, pois os surdos são os únicos estrangeiros dentro do seu próprio país”, argumenta.