Desde antes de ser eleito, Jair Bolsonaro nunca fez questão de esconder que não tem simpatia alguma pelos professores. Quando ainda estava em campanha eleitoral, em novembro de 2018, chegou a defender que os trabalhadores deveriam ser filmados em sala de aula para combater a “doutrinação desacerbada” (sic). De acordo com ele, os professores não deveriam ter medo de serem filmados, mas sim orgulho.
Mas como não ter medo de um desgoverno que estimula a sociedade a odiar os professores? Como ter orgulho de um “antipresidente” que defende o absurdo projeto de lei Escola Sem Partido, que tem como único propósito descumprir o que está previsto na Constituição e impedir que os professores estimulem o senso crítico dos alunos?
Como não temer um projeto de governo que persegue professores em exercício da profissão?
O efeito Bolsonaro é assustador. Desde que ele assumiu a presidência, diversos são os relatos de professores que estão sendo ameaçados em sala de aula. No último episódio, que ocorreu na segunda-feira (15) em Goiás, a professora de sociologia e dirigente sindical Camila Marques foi presa, algemada, agredida e teve seu aparelho celular apreendido pela polícia civil, após tentar defender seus alunos da truculência policial.
Que país é este em que professores são algemados na frente dos alunos por tentar defendê-los de uma acusação sem cabimento?
Além de Camila, três estudantes NEGROS, de PERIFERIA e MILITANTES foram levados à delegacia sob a suspeita de estarem tramando um atentado semelhante ao que ocorreu em Suzano (SP). Posteriormente, foi verificado que não havia nada que pudesse incriminá-los e os alunos foram liberados.
Importante lembrar que o caso desta professora não é a exceção, pois perseguir professores tem sido a regra neste desgoverno.
Não basta os trabalhadores da educação terem de lidar com salários miseráveis, congelamento da carreira, turmas superlotadas e unidades educacionais que sequer têm merenda ou materiais básicos para os alunos. Além disso tudo, ainda sofrem a pressão de um desgoverno que estimula pais de estudantes a odiar o professor e desconsidera a importância da categoria para o futuro deste país.
Os professores estão adoecendo em sala de aula e, em meio a tantos ataques, alguns estão tirando suas próprias vidas, desacreditados do futuro. No Estado do Paraná, tem aumentado o número de suicídio de professores em função dos desgastes sofridos com tantos ataques.
Hoje, o professor brasileiro está desacreditado e acuado diante de tantas ameaças, enquanto nos países desenvolvidos a situação é completamente diferente, já que estes entenderam a importância do trabalhador da educação para um país saudável.
Mas resistiremos! A sede por justiça tem sido nosso combustível!
FIRMES!
Publicado na edição 1159 – 18/04/2019