Entre confusões e recuos, o governo Bolsonaro, em pouco mais de duas semanas à frente do país, vem mostrando suas garras. O fim do Ministério do Trabalho e o novo salário mínimo (R$ 998,00) abaixo do aprovado pela comissão orçamentária na gestão de Temer (R$ 1.006,00) são apenas algumas amostras do que este desgoverno pretende fazer com a classe trabalhadora.
A retirada da Funai do controle da demarcação de terras indígenas; a exclusão dos LGBTIs da pasta dos Direitos Humanos controlada pela tragicômica ministra Damares Alves; e o fim dos Ministérios da Cultura e do Esporte são outros exemplos de como o Presidente eleito pretende conduzir sua gestão.
Com as primeiras medidas implantadas por este governo, não restam dúvidas de que os trabalhadores e as minorias serão os principais alvos dos ataques. A cereja do bolo neoliberal, por sua vez, deve ser o grande fetiche do ministro da Economia Paulo Guedes: a reforma da Previdência.
O que Guedes pretende fazer é acabar com a Previdência Social – na qual os trabalhadores e os patrões contribuem para o sistema – para instaurar em seu lugar a capitalização da Previdência. Com esse modelo, o Estado sairia de cena e obrigaria o servidor a fazer uma espécie de poupança a ser alimentada por ele próprio, sem ajuda do patrão.
É o Estado mínimo proposto por Bolsonaro desde o início de sua campanha. A proposta oficial de reforma da Previdência, como confirmou o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, deverá ser apresentada neste domingo (20) ao Presidente.
Mas, com o passado de Guedes e a simpatia de Lorenzoni pelo sistema de capitalização de Previdência individual adotado no Chile durante a ditadura de Pinochet, já é possível saber de que forma esse governo pretende dar fim à nossa aposentadoria.
O que o Chile tem a nos ensinar?
Idealizado por economistas neoliberais da Escola de Chicago iguais a Guedes, o sistema de capitalização da Previdência foi adotado no Chile em 1981. Na teoria, esse modelo prometia equilibrar a economia do país e estimular a criação de mais empregos, visto que a mão de obra seria barateada. Na prática, se mostrou frustrante.
Em 2008, um diagnóstico apontou que 49% dos adultos mais velhos estavam sem qualquer Previdência. Em 2018, quase 80% das pensões chilenas eram inferiores a um salário mínimo e 44% estavam abaixo da linha da pobreza. O resultado? Sem Previdência pública, hoje o Chile tem número recorde de suicídio entre idosos.
Não vamos deixar que isso aconteça no Brasil. Capitalização da Previdência NÃO!
FIRMES na defesa da nossa aposentadoria!
Publicado na edição 1146 – 17/01/19