Infelizmente ao longo dos anos a concessão de honrarias por parte do poder público acabou fazendo com que algumas pessoas normais fossem tratadas como excepcionais. Isto, porém, não quer dizer que volta e meia vejamos um excepcional realmente ser honrado como tal!

É o que estamos vendo esta semana com a concessão do título de cidadão honorário de Araucária ao ex-prefeito Rizio Wachowicz. Prestes a completar 90 anos ele talvez tenha sido o prefeito mais icônico dentre aqueles que foi alçado ao cargo mais importante da política municipal.

Obviamente haverá os que não concordarão. Haverá os que dirão que esse ou aquele foi mais relevante para a cidade. Mas, uma análise aprofundada da história local devolverá Rizio ao posto de prefeito mais relevante que administrou a terra dos gloriosos Tinguis.

E a relevância se dá porque Rizio ousou quando muitos tinham medo. Rizio enxergou o que os olhos de muitos sequer conseguiram imaginar. E, principalmente, porque Rizio realizou.

E o legado do ex-prefeito se torna ainda mais relevante quando analisamos os momentos em que ele administrou nossa Gentil Tindiquera. Entre 1969 e 1973 esteve a frente de Araucária em seu principal divisor de águas: a implantação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). Mais adiante, entre os anos de 1977 e 1983, voltou ao comando do Município pouco tempo depois do início da entrada em operação da refinaria, justamente quando a gestão precisava de uma mão forte para conduzir a aceleração que se via no polo industrial da cidade. Posteriormente, entre 1997 e 2000, comandou a Prefeitura já em tempos democráticos e com os desafios da consolidação do plano real e a implantação de leis de responsabilidade fiscal.

Nas três oportunidades em que foi o líder de Nossa Valente Operária sempre fez questão de impor uma visão municipalista e desenvolvimentista. Abriu estradas e atraiu indústrias. Buscou fortalecer nos araucarienses a ideia de patriotismo e apego aos símbolos municipais. O hino da cidade foi composto em 1972, quando ele era o prefeito. Fazia questão de marcar todas as obras inauguradas por ele com algum tipo de placas e bustos robustos. O mais icônico deles foi o pinhão de concreto.

Interessante é que Rizio conseguiu fazer tudo isso mesmo em tempos que o orçamento de Araucária não era tão volumoso assim. Aliás, foram as sementes que ele plantou em termos de industrialização que proporcionaram o incremento da arrecadação municipal para seus sucessores.

Obviamente, reconhecer que o ex-prefeito foi um gestor de marca não o torna uma unanimidade e nem uma pessoa ilesa a questionamentos. Tanto é que travou centenas de brigas com desafetos políticos, algumas delas publicizadas, outras que nunca serão contadas a luz do dia, um bom tanto ainda judicializada. Nada, no entanto, que manchasse o legado deixado pelo catarinense de nascimento, mas araucariense de coração.

Agora, as portas dos 90 anos, a memória volta e meia trai o ex-prefeito. Isso, porém, é o de menos. Afinal, ele não precisa se preocupar em lembrar o que fez por Araucária. Isto porque a história sempre lembrará! Parabéns, Rizio!

Edição n.º 1488.