O crescente número de casos de HIV entre idosos levou a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) a emitir um alerta este mês. A entidade afirma que, embora o mês de dezembro seja dedicado ao combate ao HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), os idosos geralmente não são os alvos das campanhas, ainda que vivam um aumento importante nos casos de HIV.
Segundo dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, a Aids entre idosos cresceu 416% na última década, saindo de 378 em 2012, para 1.951 em 2022. A faixa etária dos 60 anos ou mais deixou de representar 2% de todas as novas infecções com o vírus, passando para 4% no ano mais recente. Segundo especialistas, o crescimento dos óbitos por Aids em pessoas com 60 anos ou mais está ligado a diversos fatores, incluindo diagnóstico tardio, estigmas sobre a sexualidade nessa faixa etária e os desafios no tratamento devido às comorbidades.
Em Araucária, conforme dados do SAE/CTA (Serviço de Atendimento Especializado / Centro de Testagem e Aconselhamento), em 2023 foram registrados 2 casos de HIV em pessoas com 60 anos ou mais, que iniciaram acompanhamento no serviço, número que em 2024 subiu para 4 casos. Acompanhe na tabela os números das demais faixas etárias.
Atualmente o SAE atende 770 pacientes de HIV/Aids. Entre os grupos mais afetados estão os jovens entre 25 e 29 anos, que representam mais de 20% dos casos nacionais. Araucária, na sua série histórica, entre 1980 a junho de 2023, realizou 98 diagnósticos na população de 15 a 24 anos.
Entre 2023 a novembro de 2024, foram diagnosticados no serviço do CTA 94 casos novos, sendo que dos casos de 2024, 21 (52,5%) já apresentavam comprometimento do sistema imunológico (AIDS), sugerindo diagnóstico tardio. Na análise dos dados do município, a faixa de idade mais acometida pelo HIV é de 20 a 49 anos, porém foram registrados 18 casos de 50 anos ou mais.
O sistema único de saúde continua a oferecer testagem gratuita, medicamentos antirretrovirais e iniciativas como Profilaxia Pós- exposição (PeP) e Profilaxia Pré-exposição (PrEP) ao HIV.
Campanhas e ações
Araucária e outras cidades da região tem intensificado campanhas de conscientização, reforçando o uso de preservativos e a testagem regular. Além disso, é crucial combinar métodos de prevenção e acesso a informações para evitar novas infecções e combater o preconceito associado ao HIV/Aids.
“Detectar o HIV precocemente é essencial para interromper a transmissão e iniciar o tratamento, o que melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes. O SUS desempenha um papel fundamental nesse processo, garantindo assistência gratuita a todos os brasileiros”, afirma o SAE.
O aconselhamento e testagem podem ser realizados nas unidades de saúde do Município e no CTA, de forma gratuita e sigilosa. Já os pacientes com diagnostico são acompanhados e tratados no SAE, onde recebem consultas médicas, consulta de enfermagem, psicologia e farmacêutica, além de realizarem a retirada das medicações retrovirais.
“Essa luta depende de esforços coletivos. Investir na educação, ampliar o acesso aos serviços de saúde e combater o estigma são passos essenciais para o controle do HIV/Aids em Araucária e no Brasil”, alerta o SAE.
Edição n.º 1445.