Embora tenha cumprido mandado em Araucária, a operação da Polícia Civil deflagrada nesta quinta-feira, 17 de julho, mirou uma organização criminosa que atuava essencialmente nos bairros Fazendinha e Cidade Industrial de Curitiba (CIC), ambos na Capital.

Ao todo foram cumpridos 38 mandados judiciais. Destes, apenas um foi cumprido em Araucária. De acordo com a assessoria de comunicação social da Polícia Civil, o cumprimento se deu numa chácara localizada na área rural de Araucária. Tratou-se de um mandado de prisão. O nome do preso não foi divulgado pela Polícia Civil.

Conforme apurou nossa reportagem, o preso teria uma chácara em Araucária, mas não moraria aqui e apenas utilizaria o espaço em certas ocasiões.

Encerradas as diligências, o saldo da operação é de oito pessoas presas. Além das prisões pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, os policiais civis cumpriram 17 ordens de busca e apreensão, além de outras 10 de bloqueios de ativos financeiros. Duas pessoas não foram localizadas e são consideradas foragidas. Durante a operação, os agentes verificaram que uma delas fugiu para o exterior.

Diversos documentos foram apreendidos e serão analisados na continuidade da investigação. Em um dos endereços alvo da ação, o cão de faro da PCPR encontrou uma estrutura de fundo falso que possivelmente era utilizada para armazenar itens ilícitos, como dinheiro ou drogas.

O objetivo da ação era a descapitalização do grupo criminoso, formado por um núcleo familiar que atuava nos bairros Fazendinha e Cidade Industrial, na Capital. Além da comercialização de entorpecentes, a PCPR apurou que os envolvidos praticavam lavagem de dinheiro para ocultar a origem ilícita dos valores obtidos. “Neste momento, a investigação focou em atacar o patrimônio com o objetivo estratégico de bloquear a atuação do grupo no comércio de entorpecentes”, explica o delegado da PCPR Ricardo Casanova, que conduz o inquérito.

A apuração, que contou com a quebra de sigilos fiscais e bancários, analisou alto volume de dados referentes à movimentação financeira do grupo desde 2016. Até o ano de 2024, cerca de R$ 19 milhões passaram pelas contas bancárias dos investigados.

O líder do grupo foi identificado por meio de investigações conduzidas no Paraná. Ele estava foragido após a expedição de um mandado de prisão e foi capturado em junho de 2023, em Balneário Camboriú (SC), pela Polícia Militar catarinense. Na residência dele, foram apreendidos um fuzil, outras três armas de fogo, carregadores e grande quantidade de munição. Durante a abordagem, constatou-se que o suspeito usava documentos falsos.

Com a prisão, a investigação avançou e identificou que a documentação falsa também foi utilizada para criar uma empresa de fachada, supostamente do ramo de pintura. Somente por meio dela, o grupo movimentou R$ 6 milhões entre 2021 e 2023.

A empresa também foi utilizada para a compra de grande volume de materiais de construção que foram entregues em endereços de Curitiba. “Acreditamos que tenham destinado estes itens à construção ou reforma de imóveis que são mantidos em nomes de terceiros”, explica o delegado. Isso será apurado nos próximos passos da investigação.