Efeito colateral perverso

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Estarrecidos, acompanhamos o festival de malfeitos que a Polícia Federal e o Ministério Público têm levado à apreciação da Justiça durante a denominada Operação Lava Jato, no escândalo que envolve a Petrobras. Ex-funcionários da estatal, bem como dirigentes de gigantescas empresas da área de obras serviços e fornecimento de material, têm sido presos por corrupção. É difícil para o cidadão comum, que leva a vida toda lutando para conseguir um pequeno patrimônio financeiro, entender como pessoas que ocupavam cargos e funções elevadíssimas e bem remuneradas cederam à tentação de se apropriar do que não é seu. As investigações, que estão em andamento e que devem continuar, apontam também para o benefício de políticos nas falcatruas perpetradas contra a estatal. Como explicar que pessoas que tem acesso a funções de tamanho poder e importância ajam de tal forma, despreocupados com o futuro do Brasil? Aqueles que procuram se informar sobre a história recente, ou a acompanharam como me foi dada a graça de fazê-lo, sabem o quanto o momento político e econômico é delicado e clama por atenção dos brasileiros. Reportagem da revista Exame (http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/as-maiores-empresas-brasileiras-em-2015-segundo-a-fortune) destaca que, mesmo com todo o escândalo e a publicidade negativa que a atingem, a Petrobras ainda é a maior empresa brasileira. E não devemos olhar apenas para o tamanho da Petrobras, conforme já escrevi em colunas anteriores, mas principalmente para o papel estratégico que tem na estabilidade e no desenvolvimento crescente do Brasil. A disponibilidade de energia é fator básico para o progresso de qualquer nação e a Petrobras vem conseguindo abastecer o mercado brasileiro com petróleo e seus derivados, mesmo com o crescimento exponencial do consumo verificado nos últimos anos. Sua trajetória de sucesso não surgiu recentemente e vem desde sua fundação, há mais de 50 anos. Sugestionados por notícias negativas divulgadas à exaustão, cidadãos comuns já começam a defender a privatização da Petrobras. Boa parte não sabe que somente os países que exercem controle sobre a produção e distribuição de energia permanecem na trilha do desenvolvimento econômico e social. É preciso apoiar a continuidade das investigações da Lava Jato, sem contaminar-se pela vontade ainda velada dos que querem ver o país dependente de terceiros para utilizar a principal fonte de combustíveis. A experiência com as agências reguladoras não tem sido muito animadora, com referência ao atendimento do interesse da população. Ou será que alguém consegue acreditar que uma empresa privada deixaria de colocar o lucro em primeiro lugar, em detrimento do abastecimento de todas as áreas e setores do Brasil? Dá para aceitar que ocorram investimentos privados no setor, pois há muito isso é permitido. Porém, entregar o que está pronto e funcionando é crime de lesa pátria e os brasileiros precisam estar em permanente estado de alerta para evitá-lo. Os governos se sucedem, mas a nação é permanente.

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