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Ano eleitoral e os bastidores já estão acalorados. É mais ou menos como na janela de compras no futebol. Tal como lá, no campo da política entram em cena figuras que o eleitor nem sabe que existem, mas que infelizmente acabam sendo decisivas no placar final dos eleitos. Mas quem são elas? São negociadores, habilidosos na arte da persuasão e outros tantos investidores que fazem da política um mero balcão de negócios. Pode acreditar, a grande maioria dos eleitos pelo povo são os mesmos que foram primeiramente abraçados por esses ricos padrinhos.

E nessa janela de negociações vemos líderes negociando os próprios liderados. Não sobra quase ninguém, o carisma vira moeda, a capacidade de mobilização vira barganha. Assim os vilões da política, os causadores dos diversos problemas sociais têm a imagem melhorada ao serem apresentados e conduzidos por líderes carismáticos que não se envergonham em negociar a própria comunidade. Alguns aceitam até ser candidatos, sem nenhuma pretensão de se eleger, apenas servir de escada aos que encabeçam a chapa. E assim, nada ou pouco se muda. O individualismo e a sede de benefício pessoal é só o que vale. O sistema está montado para repelir todos aqueles que fogem a esse pragmatismo, isso significa dizer que você eleitor, muito provavelmente, vai preterir os candidatos que possuem condições de contribuir com mudanças positivas para eleger ou reeleger os produtos do sistema. Logo esse momento pré-eleitoral, onde o eleitor costuma estar furioso, indignado e disposto a expurgar quem se encosta em cargo público vai passar. Infelizmente a onda de consciência que gera a fúria do eleitor não costuma resistir ao assédio e ao canto da sereia entoado por politiqueiros de plantão.

Nesse embrolho todo, os partidos políticos voltam a ganhar protagonismo, eles que de modo geral não possuem relevância na vida social, são entidades inúteis, mas que são obrigatórios para dar condição de elegibilidade a quem pretende ser candidato, parecem comércio quebrado, vivem sob nova direção, costumam hibernar e só renascer no período eleitoral. Mas há também os partidos que viraram patrimônio pessoal, fisiológicos e usados apenas para interesse próprio. E é nesse ambiente que iniciam as conversas pré-eleitorais, onde tudo se discute, menos projetos para a comunidade.

E para fechar essa análise cabe destacar que é também o ano de cobrar o apoio dado aos deputados. Sim, a maioria daqueles deputados figurões que te apresentaram a dois anos atrás, negociou apoio e é chegada a hora de pagar a conta, não pensem que eles se abraçam de graça. E assim segue a janela de negociações eleitorais, onde alguns se dispõem a fazer o que for necessário para conquistar a tal cadeira.

A ideia desse texto não é ser pessimista, apresentando os bastidores de um sistema intransponível, muito pelo contrário, a intenção é provocar o senso crítico, a coerência e a ação de quem realmente quer mudança. O eleitor é parte imprescindível do sistema, logo, tem poder de mudá-lo. Feliz 2020!

Publicado na edição 1196 – 23/01/2020

Está aberto o período de negociações eleitorais

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