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Acho que de tanto evoluir acabamos involuindo, ao desenvolvermos diversas capacidades não nos demos conta de que fomos aos poucos matando habilidades naturais. Aprendemos a falar e de tanto falar perdemos a capacidade de ouvir. Aprendemos a ver e de tanto ver, cansamos nossas visões com excesso, com o óbvio. Ganhamos força nos braços e perdemos a sensibilidade do tato, do toque. Ficamos surdos ante aos gritos do universo que não se poupou em emitir sinais, enviar avisos, mas estávamos ocupados demais, acelerados e histéricos demais atrás de uma satisfação que nunca vem, escondendo-nos em enormes castelos de areia, escalando uma montanha de corpos na ilusão de ser o primeiro a tocar o céu.

Acho que foi isso, as riquezas naturais cansaram de ter menos valor que a moeda fria, que a cédula morta, a natureza se cansou de não ser ouvida e por isso mostrou que pode a qualquer hora e a qualquer momento parar tudo, esvaziar metrópoles, desvalorizar tesouros e fazer imortais poderosos sentirem a vida esvaindo aos poucos, sem remédio, sem controle, insubordinável, insubornável, apenas escapando com o ar.

A mensagem foi dada: O controle não está em nossas mãos, nem tampouco em nossos cofres. O acumulo não nos fará melhor, o depois não nos pertence e nada que o humano tenha criado é mais inteligente ou poderoso que a mãe natureza.

Mas feito mãe generosa ela nos avisa novamente: É preciso parar, se recolher, estar com os seus e redescobrir que a felicidade não pede muito, deixe o que está lá fora que fique lá fora e só saia quando for capaz de manter sua frequência protegida da velocidade histérica, do ritmo autofágico e destrutivo imposto pelo relógio ponto e pela máquina registradora.

Antes de concluir sugiro um exercício, imagine a pessoa que você mais ama, ela está deitada, seus olhos estão fechados e seu corpo já não tem mais calor. Você chora, cola seu rosto no dela e chorando reclama por não ter tido a oportunidade de dar o último abraço, de falar o quanto você a ama e o quanto até suas manias e chatices são importantes para sua vida. Era tudo que você queria, poder abrir mão de tudo, até do que lhe parecia mais precioso, largar tudo simplesmente para poder estar novamente com ela. Parece tarde demais, mas, agora imagine que seu pedido foi atendido e você tem a última chance de fazer tudo o que pediu.

Quem sabe a natureza esteja nos dando essa oportunidade, quem sabe seja apenas mais uma hora, mais dia, mais um ano. Quem sabe no momento em que piscarmos os olhos voltamos no tempo, só para termos a chance de fazer diferente. A decisão é nossa, podemos reclamar e lamentar pelo tempo perdido, pelo lucro não contabilizado ou pelo evento cancelado ou podemos entender que o mundo espera muito mais de nós e nesse caso, mais é bem menos.                                                                                                                           

O mundo não parou por nada, não fomos convidados a nos recolher apenas para ver TV e calcular prejuízos. Quem sabe a missão não seja superar, mas evoluir, quem sabe ainda de tempo fazer e ser diferente, quem sabe…

Sem pressa, hoje você tem tempo!
Sem pressa, hoje você tem tempo! 1

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