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Fala de Monark sobre partido nazista coloca liberdade de expressão em xeque

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O apresentador do Flow Podcast Bruno Aiub, mais conhecido como Monark, foi desligado do Flow Pop Cast essa semana, após defender a criação de partidos nazistas no Brasil, durante a conversa com os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP). Ele foi duramente criticado por comunidades judaicas, e o podcast já perdeu vários patrocinadores. A fala do influencer também causou repúdio em vários segmentos da sociedade, e pelo mundo afora, o assunto tem “dado pano pra manga”.

Em Araucária, o professor de História do Colégio Estadual Professor Júlio Szymanki e coordenador de Ensino de História da Secretaria Municipal de Educação, Rafael de Jesus de Andrade de Almeida, comentou que a fala de Monark já era esperada, contudo, destacou alguns pontos que precisam ser considerados nesse episódio. “Faz tempo que os discursos de ódio prosperam no Brasil, em parte alavancados pelas redes sociais, em parte pelo cenário de polarização entre a extrema direita e a esquerda radical, num processo que se retroalimenta. O Monark só foi demitido por ter agredido uma comunidade com força política e econômica suficiente para reagir e cobrar por sanções. Negros e indígenas vêm sendo agredidos, cotidianamente, com os mesmos termos usados pelos nazistas contra os judeus. No entanto, seus agressores continuam impunes e até mesmo ‘monetizados’ politicamente”, pontuou o professor.

Fala de Monark sobre partido nazista coloca liberdade de expressão em xeque

O Monark só foi demitido por ter agredido uma comunidade com força política e econômica suficiente para reagir e cobrar por sanções. – Professor Rafael Almeida

Ainda na sua opinião, ele lembrou que aparentemente o Monark queria defender a ideia de que a liberdade de expressão deve ser irrestrita. Contudo, não entendeu que, ao permitir que alguém advogue pela eliminação de um determinado grupo, estava colocando o próprio Estado Democrático de Direito na linha de tiro. “As ideias totalitárias e racistas continuam atraentes para muita gente. Num país como o Brasil, construído por muito tempo, por relações escravagistas de produção, pode ser ainda mais perigoso que no caso alemão”, completou.

O vocalista da banda araucariense Buda Bong, Giovani Nascimento, tomando como exemplo o “caso Monark”, fez um alerta às pessoas sobre a necessidade de abrir o olho com relação ao tipo de conteúdo que estão consumindo. “A internet deu voz a muitos idiotas, que não têm responsabilidade nenhuma sobre o que falam. O Monark foi infeliz na sua fala, ainda mais sobre um tema polêmico como o nazismo. Ele deu um tiro no escuro. Principalmente porque nazismo e respeito não cabem na mesma frase”, criticou. Giovani lembrou também que quando os pop cast’s começaram a “estourar”, Monark já havia sido alertado pelo artista Rogério Skylab sobre a irresponsabilidade de suas falas. “Skylab é um grande intelectual, ele disse pro Monark que o que ele fazia não era uma conversa de botequim, que aquilo era um conteúdo sério, que uma galera estava consumindo. Mas ele foi irresponsável. E tudo isso nos faz repensar até que ponto os pod cast’s estão sendo sido úteis para a população. Até que ponto existe responsabilidade nos seus conteúdos”, frisou.

Fala de Monark sobre partido nazista coloca liberdade de expressão em xeque

As pessoas devem abrir o olho com relação ao tipo de conteúdo que estão consumindo. A internet deu voz a muitos idiotas. Vocalista da banda Buda Bong
Giovani Nascimento

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1298 – 10/02/2022