Coordenador do GAECO, Leonir Batisti, ressaltou que, por enquanto, nenhum do presos foi indiciado
A Justiça decretou no final da tarde de quarta-feira, 17 de julho, a prisão preventiva de quatorze suspeitos de terem torturado os acusados de envolvimento na morte de Tayná Adriane da Silva, de 14 anos. A adolescente foi encontrada morta em Colombo no último dia 28 de junho. Entre os detidos está o guarda municipal de Araucária Ronaldo Alexander Szyper.
As prisões decretadas ontem haviam sido pedidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público após os quatro acusados da morte de Tayná terem dito que só admitiram o crime após terem sido torturados por policiais. Ainda segundo eles, mesmo após a confissão, as agressões continuaram em algumas das delegacias onde ficaram detidos. Entre elas estaria a carceragem de Araucária, para onde dois dos suspeitos haviam sido trazidos no final da tarde de sexta-feira, 28 de junho.
Em Araucária
Conforme apurou nossa reportagem, para a carceragem de Araucária haviam sido trazidos os irmãos Adriano Batista, 23 anos, e Ezequiel Batista, 22 anos. Aqui eles ficaram entre os dias 28 de junho e 1º de julho, e teriam sido agredidos por um “preso de confiança” e um agente carcerário, sendo que o guarda municipal detido ontem também teria participado dos atos.
Sobre o assunto, o secretário municipal de Segurança Pública, José Joval Conceição, explicou que atualmente a Prefeitura não tem nenhum guarda municipal cedido à Delegacia de Polícia. No entanto, em virtude da natureza do trabalho da corporação, é comum que guarda leve à carceragem detidos em flagrante.
Joval explicou ainda que tão logo foi informado pelo delegado de Araucária, Amadeu Trevisan, sobre as acusações de tortura praticadas por guardas municipais, levantou que, de fato, naquele final de semana, a equipe responsável pelo patrulhamento na área rural de Araucária foi até aDelegacia encaminhar dois detidos durante uma abordagem. “Isto foi por volta das 22h de sábado (28de junho). Conversei com os dois guardas responsáveis pela situação e eles me disseram que entregaram os presos na carceragem, mas que não praticaram nenhum tipo de violência contra os irmãos acusados de terem matado a jovem em Colombo, que também estavam na delegacia naquele domingo”, informou.
Ainda segundo Joval, na semana passada o GAECO requereu que fosse enviado ao órgão o álbum contendo as fotos de todo o efetivo e que é usado pela Corregedoria da Guarda. Esse álbum foi mostrado aos acusados de terem matado Tayná durante um interrogatório no final de semana passada e eles teriam reconhecido um guarda municipal da cidade como autor das agressões.
Diante dos indícios de tortura, o Gaeco solicitou à 1ª Vara Criminal de Colombo a prisão de quinze pessoas, entre elas a do guarda, sendo que a juíza Aline Passos entendeu necessário o deferimento de quatorze dos pedidos, dentre eles o do preso de confiança, do agente carcerário e o do guarda municipal.
Tão logo as prisões foram decretadas, o Gaeco entrou em contato com o comando da Guarda Municipal de Araucária pedindo que o guarda fosse apresentado. “Nós mesmos o encaminhamos e ele – de livre e espontânea vontade – entendeu que o melhor era se entregar e esclarecer os fatos”, contou Joval.
O guarda – acompanhado de um advogado – e do diretor da GMA, Carlos Alberto de Lima, chegou à sede do Gaeco por volta das 19h. Em seguida, ele foi encaminhado à Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), onde ficará detido. Ele e os demais presos só devem ser ouvidos pelo Gaeco na semana que vem. A expectativa é que o inquérito de tortura seja concluído em dez dias.
Na manhã de ontem, 18 de julho, nossa reportagem conversou com o coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti. Segundo ele, as prisões foram fundamentadas em evidências de que os detidos participaram dos fatos pelos quais estão sendo acusados. No entanto, ele ressaltou que até o momento nenhum deles foi indiciado e que é preciso aguardar o desfecho do inquérito.
O Popular também entrou em contato com o advogado que acompanhou o guarda preso até a sede do Gaeco. Ele, porém, afirmou que oficialmente ainda não é seu procurador e se comprometeu a entrar em contato com nossa reportagem caso seja confirmado na defesa de Szyper.