Julho se consolida como mês de resistência, mais um momento de mulheres negras firmarem posição contra o racismo e o machismo. Uma série de atividades estão programadas em todo o Brasil, com debates e reflexões acerca da situação da mulher negra, junto com atividades intelectuais, culturais e de mobilização.
É o Julho das Pretas, que tem como referência a data de 25 de julho. Esta comemoração vem sendo construída desde 1992, quando, na República Dominicana, foi realizado o Primeiro Encontro de Mulheres Negras da América Latina e Caribe, que definiu o 25 de julho como Dia Internacional da Mulher Negra na região. No Brasil, a partir de 2014 a data é comemorada como Dia Nacional Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Tereza de Benguela foi rainha de um quilombo formado no Vale do Guaporé, Mato Grosso, no século XVIII, e governava de modo parlamentar. O quilombo foi atacado em 1770. Tereza foi capturada e morreu logo em seguida. Não se sabe se foi por suicídio, doença ou executada. Documento da época fala que morreu de pasmo, que seria a perda dos sentidos.
O Julho das Pretas tem mobilizado mulheres negras, a maioria de jovens, interessadas em processos de afirmação, discussão política, arte, estética e cultura negras, aprendizados e trocas. São atividades e ações que dão sustentação ao protagonismo de mulheres negras e dão força para enfrentar as múltiplas discriminações.
Elas querem transformar. E a sociedade precisa da transformação.
No campo do trabalho, dados de 2015 do Pnad/IBGE revelam como o racismo e o machismo colocam a mulher e negra na última linha social. O salário médio da trabalhadora negra, calculado em R$ 1027, representava 40% do salário médio do trabalhador branco. Da mesma forma, representava 60% do salário da trabalhadora branca e dois terços do salário do trabalhador negro.
É o segmento da população que mais necessita de políticas públicas, de acesso à educação, à saúde e segurança. Elas enfrentam a violência dentro de casa, na rua e no trabalho. O Mapa da Violência de 2015 mostra que, em dez anos, a taxa de homicídio homicídio de mulheres negras no Brasil cresceu 54,2%.
Aqui outros elementos aparecem ao debate que o Julho das Pretas enfrenta, como o extermínio da população negra, movido pelo ódio racista, machista e homofóbico.
O Sismmar reafirma seu compromisso no combate a todo tipo de violência. Nenhuma a menos!
Publicado na edição 1121 – 12/07/18