Lugar de viver, lugar de lembrar!

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

No Brasil do início do século XX a economia viveu uma situação de caráter transitório em que, se por um lado o meio rural ainda representava parcela significativa dos contingentes populacionais, por outro os centros urbanos cresciam motivados pela atividade industrial que transformava o mundo do trabalho.

Nessa mesma época surgiram em Araucária inúmeros barracões industriais que modificaram a dinâmica da cidade. Um desses lugares permanece na paisagem local abrigando a instituição responsável pela salvaguarda da memória do trabalho e do cotidiano de nosso município, ele localiza-se no Parque Cachoeira e denomina-se Museu Tingüi-Cuera.

Contar a história desse charmoso prédio da década de 1940 se traduz em narrar sobre um encontro de passados: do passado vivido na antiga fábrica de massa de tomate e pimentão da família Torres, do passado rememorado nos objetos coletados de diferentes tipos de trabalho e de diferentes épocas que o Museu preserva, e do passado das pessoas que visitam o Museu e ali se conectam com o seu passado e das mais antigas gerações.

Do passado vivido na antiga edificação chama-nos atenção a preservação das antigas estruturas de roldanas ou polias que fizeram funcionar a antiga fábrica, direcionando a força hidráulica para o processo de fabricação da massa de tomate. De propriedade do Sr. Archelau de Almeida Torres, a fábrica se utilizou de matéria prima proveniente das plantações de pequenos produtores, trazida de carroça, e que após industrializada era vendida para São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, interior do Paraná e Minas Gerais.

O que sabemos sobre o passado dessa edificação encontra-se entalhado tanto nos objetos quanto nas memórias de quem viveu esse ambiente de trabalho. Um deles, o Sr. Hermelino Fernandes Colaço, 74 anos, lembra-se de quando ali trabalhou ainda muito jovem, e, em entrevista fornecida aos pesquisadores do Arquivo Histórico, em 2005, relatou:

(…)“Tinha os tacho a vapor e tinha os tacho à lenha, desses tacho de cobre, desses grandão. Tinha quatro tacho. Tinha que mexer com um cavalete com a mão para apurar a massa. A massa ficava fervendo (…) até ficar firme pra ser enlatada. Tinha a lavagem do tomate.(…)Seis horas da manhã. (…) Chegava e daí chegava à turma. (…). Daí ligava a roda d’água né, pra quebrar o tomate, pra partir o tomate. Aí lavava tomate o dia inteiro lá embaixo.(….)”
(seção de cozimento dos frutos, Indústria Torres, sem data)

Lugar de viver, lugar de lembrar!

Cristiane Perretto
Luciane Obrzut Ono
Historiadoras do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

Compartilhar
PUBLICIDADE