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Eluar está tendo dificuldades para ajudar os filhos no ensino remoto. Foto: Marco Charneski
Maioria dos pais já é favorável ao retorno presencial
Eluar está tendo dificuldades para ajudar os filhos no ensino remoto. Foto: Marco Charneski

Apesar de ainda se sentirem inseguros, a maioria dos pais tem se mostrado favorável ao retorno presencial nas escolas municipais de Araucária. Eles entendem que os filhos precisam da escola, do convívio com os colegas, das atividades motoras, da interação. Em casa, muitas crianças ficam muito sozinhas, enquanto poderiam estar no ambiente escolar, devidamente seguro com a adoção dos protocolos de biossegurança, interagindo com professores e colegas.
A moradora do bairro Campina da Barra, Eluar de Araujo Caroleski, tem dois filhos matriculados na rede municipal de ensino. Luan Henrique Caroleski, de 10 anos, que tem autismo grau leve e Hilana Caroleski, de 7 anos. Ela defende a volta das crianças à escola, já que a experiencia que tem tido com os filhos no ensino remoto tem sido bem complicada, pra não dizer, preocupante.

“Ainda não chegou a vez dos meus filhos voltarem, por enquanto são apenas os oitavos e nonos anos. O Luan está no 5º ano e a Hilana no 2º ano, na Escola Maria Aparecida Saliba Torres. Mas não pensarei duas vezes quando anunciarem o retorno das séries deles. Em casa eles estão sofrendo muito, eu também por querer ajudá-los mais e não ter condições. As professoras passam as atividades, mas quem tem que ensinar somos nós e eu não consigo alfabetizar a minha filha de 7 anos. Fico desesperada porque ela vai para o 3°ano sem saber ler, escrever, sabendo pouquíssimas coisas, porque foi muito difícil ensinar. O emocional e o psicológico da gente ficam abalados. Meu filho está tomando remédio para ansiedade desde abril do ano passado, quando começou a pandemia e a indicação médica era retirar o remédio apenas quando voltassem as aulas. Já faz quase dois anos que ele está tomando a medicação. É triste vê-lo assim, ele sente muita falta da escola”, lamentou Eluar. Ela também comentou que foi visitar a escola e conferiu que está tudo preparado para receber as crianças. “Tem só 9 crianças por sala, eles medem a temperatura na entrada, tem álcool em gel em todos os espaços, kits com máscaras para as crianças. Achei muito seguro e está mais do que na hora de eles voltarem, mesmo que seja nesse modelo híbrido. Já é um ótimo começo”, disse a mãe.

Patricia de Castro Bebiano, moradora do bairro Barigui, tem uma filha de 10 anos, a Rafaela, que estuda na escola Municipal Aleixo Grebos, e um filho de 4 anos, que já deveria ter iniciado ano passado no CMEI Vitório Sfendrych, mas por conta da pandemia, ainda não teve o primeiro contato com a escola. “Meu filho só sabe o que eu ensinei pra ele, nunca foi à escola e por isso é bem complicado fazer as atividades com ele. A creche manda, mas ele não tem a mínima noção do que é uma sala de aula, do que é frequentar uma escola, ter colegas. Minha filha também não aprendeu nada de novo, É por isso que sou totalmente à favor do retorno presencial. As crianças precisam conviver com colegas, porque em casa, com as aulas remotas, eles não aproveitam quase nada. As crianças estão sobrecarregadas e os pais também, está mais do que na hora de voltar”, comentou Patrícia.

Maioria dos pais já é favorável ao retorno presencial
Eder não pensou duas vezes e concordou com o retorno do filho no presencial. Foto: divulgação

Eder da Silva é pai do Guilherme, de 13 anos, que frequenta o 8º ano na Escola Maria Aparecida Saliba Torres. Eder assinou o termo de autorização e seu filho é um dos poucos que estão participando das aulas presenciais. “Meu filho retornou à escola na segunda-feira e eu achei excelente para o aprendizado dele. Tenho plena consciência que a pandemia ainda não acabou, e o povo está errado em achar que na escola os alunos vão ficar mais vulneráveis ao vírus. É só olhar nas praças de alimentação dos shoppings, nas lanchonetes, nos bares, churrascos, onde há crianças aglomeradas em meio aos adultos, correndo muito mais riscos de contaminação do que se estivessem no ambiente escolar. Meu filho vai para escola sim, ele recebeu 5 máscaras PFF 2 e estão fazendo a troca delas a cada 2 horas. E eu espero sinceramente o retorno de 100% das aulas ainda esse ano”, disse o pai. Segundo ele, o filho não está aprendendo nada em casa, não consegue focar nas matérias. “Eu fiquei revoltado com ele quando peguei as atividades e o boletim veio com duas notas vermelhas, em Português e Inglês, isso me deixou preocupado com o futuro dele”, pontuou Eder.

A mamãe do Augusto, de 6 anos, que está matriculado no 1º ano da Escola Municipal Marcos Freire, está preocupada com o aprendizado do pequeno. “Ele não aprende nada em casa, não presta atenção no que eu digo, quer sempre sair para brincar. Ele sabe apenas escrever o primeiro nome até agora. Para mim a escola não deveria ter parado por tanto tempo, a forma como as professoras passam as atividades também não ajuda. Elas entram 12h45 no grupo do WhatsApp, mandam a lição, a gente faz, elas dão ok e pronto, a criança fica o resto do dia livre. Que ensino é esse? Às vezes elas não corrigem a lição direito, e dão parabéns. Eu posso ajudar ele, pois sou do lar, mas sei de mães que mandam as atividades quase meia noite ou no final de semana. É muito sofrimento!”, criticou Ângela de Souza Lima. Ela vai assinar o termo de autorização para que o filho retorne no presencial quando chegar a sua vez. “Não sou professora, sou mãe!”, disse.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1274 – 05/08/2021

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