Na medida em que os anos avançam, me pergunto sobre o verdadeiro sentido da nossa vida. Um dia viemos a esta terra, sem que alguém nos perguntasse se queríamos vir. Simplesmente viemos. Não escolhemos os pais, a família e nem o nosso nome. Tudo isso foi nos dado gratuitamente, sem nenhum mérito nosso. Talvez tivemos a graça de termos nascido num berço amoroso, com todas nossas necessidades sendo satisfeitas; ou então, sofremos a falta de amor, e até de uma boa alimentação. Enfim, naquele momento da vida não podíamos fazer absolutamente nada. Éramos dependentes dos nossos pais e de nossos educadores. O tempo passou e na medida em que fomos crescendo, pudemos pensar por nós mesmos e tomar as nossas decisões. Afinal, ninguém permanece para sempre dependente do berço materno. Lá pelas tantas precisa amadurecer e tomar um rumo na sua vida. Não pode continuar eternamente uma criança, mas deverá tomar decisões em vista da sua felicidade.
O tempo passa, esta é a verdade. E no decorrer da nossa vida, vamosfazendo algumas escolhas, às quais julgamos serem as melhores naquele momento da nossa existência. Com certeza, nós vamos perguntando sobre a nossa importância neste mundo. Acreditamos que somos importantes e podemos ajudar o mundo a ser melhor. Nós nos empenhamos então naquilo que está ao nosso alcance, com o sincero objetivo de sermos necessários e fazermos a diferença naquilo que realizamos. Quando jovens, colocamos as nossas melhores energias na construção de um mundo mais humano e mais habitável. E por mais que façamos a diferença, chega uma hora em que começamos a perceber que outras pessoas ocupam os nossos lugares, e que nós, aos poucos, vamos saindo desta realidade, tão envolvente, e vai se descortinando em nossa vida uma dimensão totalmente nova e desconhecida, que vai surgindo em nossa frente. Que misteriosa esta nossa vida!
Diante desta realidade, deveríamos nos perguntar diariamente: o que estou deixando de bom para as futuras gerações? Qual o meu legado? O mundo será melhor porque eu estou passando por ele? A nossa vida só tem sentido quando colocada a serviço de um mundo melhor. Afinal, passamos por esta realidade terrena, e mesmo que não queiramos admitir, a nossa passagem é breve. Os dias passam rapidamente, e quando vemos, envelhecemos e não podemos mais voltar para trás. As pessoas egoístas, voltadas somente para si mesmas, para suas vantagens próprias, para sua riqueza pessoal, certamente, nunca farão a experiência da gratuidade, da alegria de servir e de oferecer o seu melhor sem esperar nada em troca.
Com o tempo, vamos deixando marcas na história. São elas que vão determinando quem somos e para aquilo que cremos ter vindo a este planeta terra. Somos responsáveis pela nossa conduta e pelo modo como conduzimos a nossa existência. Oxalá, tenhamos aprendido e nos empenhado em sermos sal da terra e luz do mundo. Em sermos bons e deixarmos apenas marcas de amor por onde passarmos. O que fizemos ou deixamos de fazer, são as marcas que vão caracterizar aquilo que somos e aquilo que acreditamos.
Tudo passa, e passa rapidamente, mas o amor permanece para sempre. Ele, sim, é eterno, porque, após esta vida, poderemos desfrutar plenamente do amor de Deus. Esta é a minha crença, esta é a minha fé. O amor semeado neste mundo será semente de esperança para aqueles que vierem depois de nós. Para nós, será o coroamento de uma vida, vivida em prol do outro. Como Paulo, poderemos afirmar: ’combati o bom combate. Mereço a coroa da glória’.
Publicado na edição 1099 – 09/02/2018