Prints de conversas trocadas entre professores do Colégio Estadual Monteiro Lobato, em um grupo de WhatsApp, supostamente falando mal de alunos, culminou em denúncias de pais junto à Ouvidoria do Núcleo Regional de Educação, registro de boletim de ocorrência e outras consequências. “A minha vontade é entrar com uma Wap nessa turma”; “Tem que ser Wap com água ungida”; “Eu jogava com água sanitária”; “Aí você pensa que se livrou da aluna chorona do 7A, e quando chega em casa, no Sítio Cercado, a 16km do Monteiro Lobato, uma criatura chama você no condomínio: Oi professora! Você olha ao seu redor, pensando que ela está falando com outra pessoa, mas não, ela está falando com você. Sim, a (nome da aluna) chorona do 7A, que só não chorava nas aulas de Educação Física, morando no seu condomínio”. Estas foram algumas das mensagens que vazaram.

Uma mãe, cujos filhos serão alunos do Monteiro Lobato no próximo ano, procurou a redação do O Popular para falar sobre o caso, alegando estar indignada. “Gente, preciso compartilhar isso! Quem tem filhos estudando lá precisa saber. Total falta de respeito, professores tirando sarro dos alunos. Os pais tinham que denunciar, isso aí não dá gente”, acusa.

Da mesma forma, a mãe de uma das alunas da turma onde os professores mencionam jogar água sanitária, disse que procurou o colégio, porém se mostrou revoltada com a falta de uma resposta. “Eles simplesmente ‘passaram a mão’ na cabeça da professora, que é inaceitável! Então, registrei uma denúncia junto à Ouvidoria do Núcleo, esperando uma providência, mas até agora não obtive retorno”, lamenta.

A atual direção do colégio explicou que durante a consulta pública para a direção da instituição, foram divulgadas imagens de mensagens de um grupo de WhatsApp informal do colégio. Nesse grupo, composto por membros do corpo docente, foram identificadas algumas falas que geraram interpretações diversas.

“Uma das questões levantadas por alguns pais que viram as mensagens foi a menção de utilizar água sanitária em uma turma. Porém, sabemos que em algumas turmas de oitavo ano é comum, em diversas escolas, observarmos um aumento nos odores corporais devido às mudanças hormonais típicas dessa faixa etária. A orientação sobre higiene pessoal é parte integrante das atividades escolares, inclusive na disciplina de ciências, onde são anualmente desenvolvidos trabalhos sobre o tema. A professora em questão fez a menção à água sanitária em um contexto específico, que visava tratar odores, nada ofensivo, mas a divulgação da frase fora de contexto gerou equívocos”, explicou Roberto Seima.

O diretor disse ter conversado com uma das mães que manifestou preocupação, explicando a situação e contextualizando a fala da professora. “Considero que as mensagens, por si só, não representam algo grave, mas a forma como foram divulgadas e interpretadas gerou desconforto. As professoras mencionadas registraram boletim de ocorrência em relação à divulgação das mensagens, buscando resguardar seus direitos”, completou.

A reportagem do Jornal O Popular entrou em contato com o Núcleo Regional de Educação – Área Metropolitana Sul para falar sobre o ocorrido, e este nos informou sobre a orientação de que todas as notas para imprensa deveriam ser emitidas pela Secretaria de Estado da Educação (SEED). A SEED, por sua vez, alegou que nesse momento não irá manifestar sobre o caso.

Edição n.º 1495.