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Mulheres conquistaram vários espaços, mas caminho ainda é longo para a igualdade

Foto: Divulgação
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As mulheres já se acostumaram a enfrentar desafios diários. Apesar de serem a maioria da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, elas sofrem com as desigualdades. Muitas convivem com o preconceito na questão da igualdade de gênero em áreas como política, economia, educação e violência doméstica.

Ainda que as mulheres correspondam à maioria do eleitorado brasileiro, elas enfrentam dificuldades para conquistar cargos políticos, por ser um ambiente considerado tradicionalmente masculino.

Em Araucária, por exemplo, apenas uma mulher ocupa um cargo político atualmente, o de vice-prefeita. Já na Câmara de Vereadores, os homens são maioria esmagadora. Porém há uma contradição no cenário político municipal, porque quando falamos em eleitorado, as mulheres novamente são maioria. Segundo dados do Cartório Eleitoral, o Município tem um total de 107.731 eleitores, destes, 51,5% pertencem ao público feminino e 48,5% ao público masculino.

Nas forças policiais

Uma pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que as mulheres representam menos de 17% das forças de segurança estaduais em todo o país. Ainda segundo a pesquisa, um dos fatores por trás do baixo percentual de mulheres no policiamento ostensivo é o estabelecimento de cotas para vagas femininas nas corporações.

Na Guarda Municipal de Araucária, por exemplo, o atual efetivo conta com 35 mulheres. Uma delas é a GM Regina Couto de Araújo, mais conhecida como Couto, que está na corporação há 12 anos e atualmente ocupa o cargo de Coordenadora Operacional. Ela afirma que a presença feminina na Segurança Pública é extremamente positiva, pois a mulher atua sem diferença, lado a lado com os homens, em qualquer tipo de situação e ocorrência. “Na GMA não temos distinção, durante esses anos conquistamos nosso espaço com muito esforço, dedicação e profissionalismo e hoje temos mulheres na direção, coordenação, agrupamento de motos e no grupo tático. Tiramos de circulação criminosos foragidos e prendemos em flagrante delito alguém que tenha acabado de praticar crime, também prestamos orientações e suporte às vítimas, principalmente acompanhamento às mulheres vítimas de violência doméstica”, afirma.

A GM Couto fica feliz em comentar que enquanto patrulham preventivamente ou estão participando de palestras ou eventos, é comum ouvir declarações de adolescentes que tem o desejo de atuar nessa profissão. “Ainda não existe um projeto para incentivar mulheres a serem Guardas Municipais, mas quando estamos em contato com a população, encorajamos elas a participarem e mostramos quão valioso é exercer essa profissão. Também demonstramos que podemos ajudar muitas pessoas resolvendo problemas, auxiliando e mediando conflitos”, argumenta.

Embora o principal desafio resida no fato de a profissão ser predominantemente masculina, as mulheres ainda precisam conciliar o profissional com o pessoal. “Principalmente se elas forem mães, nunca podem esquecer do autocuidado, super importante para a autoestima. Mesmo diante dessas dificuldades, o fato é que elas sempre dão conta da dupla jornada”, afirma a GM.

Regina iniciou na Segurança Pública com 17 anos, como estagiária nível médio na Polícia Civil, ocupando a função de secretária do Delegado no 11º DP na CIC, em Curitiba. Em 2001, veio para Araucária a convite do delegado Joel Bino de Oliveira, que a nomeou Escrivã Ad-Hoc, ela subscrevia inquéritos policiais e flagrante delito.

“Permaneci da DP da cidade até 2010, nesse período vários delegados passaram por lá. Em 2009 passei no Processo Seletivo pela PCPR como PSS, e permaneci atuando como auxiliar de carceragem, ajudava a cuidar do cárcere de aproximadamente 100 presos masculinos. Em 2011 passei no concurso público da GMA, onde estou até hoje. Agradeço primeiramente a Deus e ao Jornal Popular por este convite, pela oportunidade de representar minhas colegas de profissão no dia Internacional da Mulher”, declara Regina.

Violência contra a mulher é um dos principais desafios

A violência doméstica e familiar é a principal causa de feminicídio no Brasil e no mundo. Lamentavelmente os números não param de crescer porque apesar de todas as campanhas em torno do tema, muitas mulheres vítimas da violência ainda não sabem como sair dessa situação.

O CRAM recebe todos os tipos de violência: física, psicológica, sexual, moral e patrimonial, porém as mais frequentes são as ameaças, a violência física e psicológica. “É bastante comum que durante o atendimento, a mulher passe a identificar outras violências que sofre, como patrimonial (proibição de trabalhar, controle do dinheiro, posse dos documentos pessoais); sexual (impedir o uso de métodos contraceptivos, forçar o aborto, forçar gravidez); moral (acusar a mulher de traição, expor a vida íntima da vítima)”, explicam a assistente social Flávia Rechenchosky Vogt e a educadora social Carine Graciele Machado.

Segundo elas, os desafios enfrentados hoje no combate à violência doméstica ainda são muitos. A mulher quando está em um relacionamento tóxico ou violento, precisa primeiramente ter essa percepção para então buscar ajuda, pois acredita que a situação é desencadeada por algo que ela provocou e se culpa, desresponsabilizando o agressor. “O público masculino também precisa entender sobre os tipos de violência, não se limitando somente a física, mas percebendo que palavras e atos também desencadeiam sensação de medo no outro. Um terceiro desafio diz respeito a sociedade como um todo, pois ajudar uma mulher em situação de violência, não deve se limitar somente a denunciar. Por vezes ela precisa ser auxiliada em questões do cotidiano, reorganização da rotina dos filhos, pensar em novas medidas de segurança, passar a ser provedora da família, tudo isso é muito difícil sozinha, precisa da empatia e apoio da família, amigos, vizinhos, da empresa onde trabalha, das entidades que a atendem”, explicam.

O CRAM também integra a rede de proteção à mulher em Araucária, juntamente com a Delegacia da Mulher, Guarda Municipal, Polícia Militar, Judiciário, Ministério Público, Conselho da Comunidade, Conselhos Tutelares, CONDIM (Conselho Municipal dos Direitos da Mulher), SMAS, SMED, SMSA, SMTE. “Buscamos acolher a mulher vítima de violência sem julgamentos, ouvindo suas necessidades, sanando dúvidas sobre as medidas protetivas de urgência, orientando sobre seus direitos, realizando encaminhamentos individualizados, visando a superação da violência doméstica em cada caso. Ao empoderarmos a mulher sobre seus direitos, ela consegue realizar escolhas conscientes que podem levam a romper com o ciclo de violência, evitando o agravamento das situações ou até mesmo feminicídio”, declaram.

Canais de ajuda

Em casos de emergência relacionadas à violência doméstica, os telefones para denúncias são os seguintes:

Guarda Municipal – 153
Polícia Militar – 190
Central de Atendimento à Mulher – 180
Centro de Referência de Atendimento da Mulher (CRAM) – 3614-1507
Delegacia da Mulher de Araucária – 3614-0500
Disque Direitos Humanos – 100
Polícia Civil – 197