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“Foram 12 dias de espera e sofrimento até conseguir um internamento para minha mãe, mas infelizmente já era tarde demais e ela não resistiu”. Com esta declaração a dona de casa Odinéia Gomes dos Santos resumiu o drama que viveu nas últimas semanas.
Segundo ela denuncia, a mãe Doralice Gomes dos Santos, 63 anos, teria sido vítima de uma negligência na saúde pública do Município. Isso porque procurou atendimento médico, e depois da quarta visita ao NIS III foi internada.
“Tudo começou na manhã do dia 10 de setembro, quando minha mãe, que era obesa e hipertensa, se queixou de mal estar e dor no peito e uma vizinha minha a levou para o NIS. Eles mediram a pressão dela, que estava alta, tiraram um raio-X e constataram que ela estava com início de pneumonia. Foi receitado um antibiótico e remédio pra tosse, e a receita também especificava que se ela não melhorasse em 48 horas deveria retornar”, relata Odinéia.
Ela prossegue, contando que a mãe voltou pra casa por volta das 13 horas e no final da tarde estava muito pior e teve que retornar ao NIS. Novamente foi para a sala de observação e medicada, sendo liberada algumas horas depois.
Na noite do dia 13 de setembro Odinéia diz que retornou ao NIS por volta das 22 horas e o estado de saúde da mãe havia se agravado. “Quando chegamos, o médico mandou direto para o soro, porque ela estava desidratada, e deu um remédio para o estômago, porque ela se queixava de dor. Quando a medicação acabou ela foi liberada de novo”.
Na tarde do dia 15 de setembro, mais uma vez, Odinéia retornou ao NIS com a mãe, que foi medicada e liberada. “No dia 20 de setembro minha mãe estava tão ruim que mal conseguia falar. Chamei a ambulância e, pela quinta vez, voltei ao NIS, já nervosa com tanto descaso. “Desta vez ela chegou pior e teve prioridade no atendimento.. Mesmo assim, falaram que iriam medicá-la e mandá-la de volta pra casa. Fiz uma pressão tão grande que finalmente ela conseguiu ser encaminhada para internamento”, conta Odinéia.
Tarde demais
A filha conta que a caminho do Hospital Municipal de Araucária a situação da mãe já era tão crítica que ela começou a ter uma parada respiratória ainda na ambulância. “Chegando no HMA me pediram pra aguardar e, depois de um tempo, veio a notícia de que minha mãe tinha ido direto pra UTI e corria risco de morte. Ficou assim por mais dois dias, até que na quarta-feira, dia 22 de setembro, por volta das 5h40, recebi a notícia de que ela havia falecido. Meu Deus! Foram dias e dias de agonia, e por que não a internaram antes, sabendo que ela era idosa, obesa e hipertensa? Por que esse descaso? Minha mãe poderia ter sido salva se fosse internada antes. Precisei levá-la cinco vezes ao NIS e foi preciso ela chegar nesse estágio pra que a internassem. Quero que seja feita justiça, pra ninguém mais passar pelo que eu passei”, denuncia Odinéia.
Ela conta ainda que perdeu a conta das vezes que ligou para a Ouvidoria da Saúde relatando o fato, e até agora não teve retorno. “Depois que minha mãe morreu liguei mais uma vez para concluir o desfecho da reclamação e nem assim eles retornaram”, diz.
Justificativa
A Secretaria Municipal de saúde divulgou, através de uma nota, que a paciente Doralice Gomes dos Santos foi atendida pelos funcionários do NIS III todas as vezes que procurou o local, fez os exames necessários e recebeu a medicação adequada para o quadro que apresentava. Não sendo constatado, portanto, qualquer indício de imperícia ou negligência por parte da equipe da unidade de saúde.
Também informou na nota que, quando foi identificada uma piora no quadro da paciente, que tinha causa diferente das que originaram as primeiras procuras ao serviço de saúde, Doralice recebeu o devido encaminhamento para o Hospital Municipal de Araucária (HMA). 

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