Na última sexta-feira (25), nos deparamos com mais um crime ambiental e contra a vida cometido pela Vale, empresa líder mundial no segmento de ferro e níquel. Apenas dois anos após o rompimento da barragem de Fundão que devastou a cidade de Mariana (MG) e afetou mais de 40 municípios, além de deixar 19 mortos e dezenas de famílias desabrigadas, a mineradora novamente está envolvida num “desastre” anunciado.
Desta vez, a cidade atingida pela lama da Vale foi Brumadinho (MG). Segundo contagem oficial, até o momento são mais de 80 pessoas mortas, mais de 200 desaparecidos, centenas de animais mortos e um prejuízo ambiental inestimável. Tudo isso com a conivência do governo e do judiciário, que nada fizeram para evitar este crime.
A Vale está envolvida em inúmeras práticas antissindicais, forjou documentos que atestavam que a barragem era segura, não pagou até hoje as multas relacionadas ao crime em Mariana, acumula ações ambientais de cerca de R$ 8 bilhões e, em Brumadinho, não presta o devido auxílio aos familiares de funcionários que perderam a vida enquanto trabalhavam.
É assim que o capitalismo funciona: a vida da classe trabalhadora não vale nada para uma empresa que pensa apenas em explorar e lucrar, sem se importar com os danos ambientais que provoca ou com os trabalhadores que mata. É mais barato pagar multa após o rompimento de uma barragem como a de Brumadinho do que investir em soluções seguras para evitar este tipo de tragédia, e é desta forma que a Vale opera.
A mineradora, o governo e o judiciário não aprenderam nada com o desastre de Mariana e isso permitiu a nova catástrofe em Brumadinho. Diversos ambientalistas haviam alertado sobre a possibilidade do rompimento da barragem, mas foram calados por empresários, acionistas, políticos e juízes que atuam apenas em função do Capital e desprezam o bem-estar dos trabalhadores e da comunidade.
Aos patrões, todo o lucro. Aos trabalhadores, lama, morte e dor. Como ficam os familiares das centenas de vítimas, que estão jogados ao descaso da Vale e sem quaisquer notícias ou esperança de encontrar seus parentes vivos?
Episódios como este mostram a importância da união e organização da classe trabalhadora frente aos ataques. Será preciso transformar o luto em luta para exigir a prisão dos diretores da Vale, a indenização aos familiares das vítimas e condições de trabalho dignas para os funcionários da mineradora.
O SISMMAR, por meio desta nota, presta solidariedade às vítimas do crime da Vale em Brumadinho.
Publicado na edição 1148 – 31/01/2019