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Imagem de destaque - “Pendrive”: entenda os riscos que o cigarro eletrônico pode causar à saúde
Foto: Divulgação

Os vapes ou pendrives, como são conhecidos os cigarros eletrônicos, continuam com a venda proibida no Brasil conforme decidiu a Anvisa na sexta-feira (19/04). A regra contrariou a indústria, que pedia a liberação da venda, sob o argumento de que eles são menos nocivos e servem de opção para quem quer parar de fumar.  Mas apesar de o cigarro eletrônico não soltar fumaça fedida, não causar mau hálito e nem espalhar bitucas, a comunidade médica enxerga com preocupação a popularização desse novo jeito de fumar.

O otorrinolaringologista da Clínica IMA (Instituto de Medicina de Araucária), Dr. Rodrigo Hamerschmidt, afirma que a crescente utilização desses dispositivos levanta preocupações significativas em relação à saúde pública. Isso porque os cigarros eletrônicos, muitas vezes apresentados como uma alternativa ‘mais segura’ ao tabagismo tradicional, contêm substâncias químicas prejudiciais à saúde. “Estudos recentes indicam que esses dispositivos podem expor os usuários a toxinas e partículas finas que podem causar danos pulmonares e cardiovasculares”, explica.

Para o especialista, a diversidade de sabores atrativos dos líquidos utilizados nos cigarros eletrônicos, bem como a sua apresentação, na forma colorida, fluorescente, com estampas, alguns até com luzinhas de LED e estilizados com desenhos, tem contribuído para a popularidade entre os jovens, levando à potencial escalada do vício em nicotina entre uma faixa etária vulnerável.

Outra preocupação da comunidade médica, segundo aponta Dr Rodrrigo, está no fato de muitos afirmarem que não são viciados e que conseguem parar de fumar assim que tentarem. Porém na prática, as altas doses de nicotina do cigarro eletrônico podem provocar dependência. “Os cigarros eletrônicos podem conter altas doses de nicotina, e o uso constante dessas doses pode levar à dependência. Além disso, a nicotina em qualquer forma apresenta riscos à saúde. A dependência nos cigarros eletrônicos ocorre devido à capacidade da nicotina de atuar no sistema de recompensa do cérebro. Quando inalada, a nicotina ativa a liberação de dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer e à sensação de recompensa. Com o uso contínuo, o cérebro pode se adaptar à presença da nicotina, levando à necessidade de doses cada vez maiores para alcançar o mesmo efeito. Além disso, a interrupção do uso da nicotina pode levar a sintomas de abstinência, como irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração e desejos intensos pela substância. Esses sintomas podem tornar desafiador parar de usar cigarros eletrônicos ou outros produtos que contenham nicotina”, explica.

Prejuízos à saúde

O otorrino lembra que a exposição à nicotina durante a juventude pode trazer prejuízos irreversíveis. “A exposição à nicotina durante a adolescência e o início da idade adulta pode ser prejudicial para o desenvolvimento intelectual da pessoa. Estudos científicos mostraram que o cérebro ainda está em desenvolvimento durante essas fases da vida, e a exposição à nicotina pode interferir nesse processo, pode afetar a formação de conexões neurais e a maturação do cérebro, o que, por sua vez, pode impactar funções cognitivas como memória, atenção e controle de impulsos. O uso de nicotina durante a adolescência também tem sido associado a um maior risco de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Portanto, é crucial conscientizar os jovens sobre os riscos do uso de produtos contendo nicotina e fornecer apoio para prevenir o início do tabagismo ou do uso de cigarros eletrônicos”, orienta.

Outros riscos associados ao uso de cigarros eletrônicos incluem:

Efeitos pulmonares: A inalação do vapor produzido pelos cigarros eletrônicos pode expor os pulmões a substâncias químicas prejudiciais, levando a irritações, inflamações e danos aos tecidos pulmonares.

Exposição a substâncias tóxicas: Estudos têm identificado a presença de compostos tóxicos e metais pesados no vapor dos cigarros eletrônicos, os quais podem ser prejudiciais à saúde quando inalados.

Impacto cardiovascular: O uso de cigarros eletrônicos também tem sido associado a efeitos adversos sobre o sistema cardiovascular, podendo aumentar o risco de doenças cardíacas.

⁠Riscos para a juventude: A diversidade de sabores atrativos dos e-líquidos e a disponibilidade de dispositivos com alta concentração de nicotina podem contribuir para o início do uso de produtos de tabaco entre os jovens, aumentando o risco de dependência à nicotina.

Dependência à nicotina: Os cigarros eletrônicos que contêm nicotina apresentam o risco de viciar os usuários, contribuindo para a dependência química.

“É importante ressaltar que os potenciais malefícios dos cigarros eletrônicos ainda estão sendo estudados em profundidade, dada a relativa novidade desses dispositivos. No entanto, as evidências disponíveis até o momento apontam para preocupações significativas em relação à saúde pública. Também vale ressaltar que a exposição das crianças ao cigarro eletrônico de terceiros pode resultar em problemas pulmonares significativos. A fumaça dos cigarros eletrônicos contém substâncias químicas nocivas, incluindo partículas ultrafinas, metais pesados e compostos orgânicos voláteis, que podem ser inalados pelas crianças. Essa exposição pode aumentar o risco de doenças respiratórias, como asma, bronquite e infecções pulmonares. Além disso, a nicotina presente na fumaça do cigarro eletrônico pode prejudicar o desenvolvimento pulmonar das crianças e aumentar a suscetibilidade a problemas respiratórios a longo prazo. Sendo assim, é crucial proteger as crianças da exposição ao fumo passivo de qualquer fonte, incluindo cigarros eletrônicos. Promover ambientes livres de fumaça e conscientizar os adultos sobre os riscos associados ao uso de cigarros eletrônicos em espaços onde crianças estão presentes é fundamental para proteger a saúde pulmonar das crianças”, sugere o especialista.

Finalizando, Dr Rodrigo afirma que o número de pacientes que atende em seu consultório com sintomas respiratórios relacionados ao uso de cigarro eletrônico tem crescido vertiginosamente. “Atendo muitos pacientes com sintomas de ressecamento e irritação de garganta, tosse, rouquidão e problemas pulmonares.  O uso de cigarros eletrônicos tem sido associado a vários problemas respiratórios, e muitos profissionais de saúde têm relatado casos de doenças pulmonares relacionadas ao uso desses dispositivos. Nós médicos temos alertado sobre os riscos para a saúde associados ao uso deste tipo de cigarro, especialmente em relação aos efeitos prejudiciais nos pulmões. Enfatizamos a importância de conscientizar o público sobre esses riscos e fornecer informações precisas para ajudar as pessoas a tomar decisões informadas sobre sua saúde”, declara.

Influenciadores mostram a seus seguidores a luta para largar o vício

“O cigarro eletrônico tem a facilidade de você fumar em qualquer lugar. Eu me sentia à vontade para usar até em lugares onde não é permitido fumar porque ele não tem cheiro de cigarro. Só que, ao mesmo tempo, você também não tem muito controle da quantidade como no cigarro comum. Quando vi, não conseguia ficar sem fumar e usava até na sala de aula”. A declaração é do influenciador e dependente de nicotina Gustavo Foganoli, que acaba de abrir a #semnicotina, onde compartilha o seu dia a dia tentando parar de fumar.

Aos 23 anos, ele confessa que passou os últimos nove fumando cigarro eletrônico. O vício nos vapes, como também são chamados, chegou a um nível em que ele acordava no meio da noite para dar umas tragadas e voltar a dormir. Foi quando percebeu que a situação havia saído de controle e decidiu tentar parar. Na #semnicotina o influenciador compartilha o seu dia a dia tentando parar de fumar e está sendo seguido por outros influenciadores e influenciadoras, todos com menos de 25 anos, que também admitiram o vício e decidiram parar de fumar.

Entre eles está Fernanda Schneider, que também é atriz, trazendo relatos de como foi forçada a parar de fumar. Ela diz que fuma desde os 15 anos e que começou com o cigarro eletrônico. Em um vídeo compartilhado com seus mais de 17 milhões de seguidores, Fernanda conta que teve dores no peito e dificuldade para respirar e precisou ser hospitalizada. O diagnóstico? Uma inflamação na membrana pulmonar causada pelo cigarro eletrônico.

Vale reforçar que o cigarro comum tem 1 mg de nicotina por unidade, enquanto a carga do cigarro eletrônico tem cerca de 50 mg – e há marcas no mercado com volume até maior. Ou seja, se a pessoa fuma uma carga por dia, ela está fumando o que corresponde a 50 cigarros.

Serviço

O otorrinolaringologista Rodrigo Hamerschmidt atende na Clínica IMA (Instituto de Medicina de Araucária), localizada na Rua Pedro Druszcz, 584 – Centro. Para agendar consultas com o especialista, entre em contato pelo fone (41) 3642-3872.

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