O poder, de qualquer tipo e de qualquer dimensão, nos é dado por Deus para que criemos paraísos dentro de nós, em nossos ambientes, nas relações humanas, na sociedade, na natureza, no Planeta.
Por mínimo que seja, poder todos temos. Se temos poder sobre uma plantinha, sobre um animalzinho, sobre uma criança, sobre uma pessoa idosa, doente… é para cuidar, para promover a vida, não para maltratar e explorar.
O poder é maravilhoso, divino… mas existe um preço: a responsabilidade. Nem todos estamos dispostos a pagar o preço, queremos apenas desfrutar. Neste caso, o poder vicia, e vícios são difíceis de erradicar. Vencer vícios é para heroínas e heróis. O grau máximo de heroísmo é o autodomínio: poder sobre os desejos, prazeres, paixões, ambições, vaidades, arrogâncias… domínio de tudo o que se relaciona à matéria.
O poder nos vem da Luz, mas, quando deturpado, torna-se um poderoso trampolim para as trevas. Os grandes problemas sociais e ambientais se originam do abuso de poder. Os traumas humanos wwvêm do abuso de poder. Os medos, que paralisam, são consequência do abuso de poder. A escravidão, de qualquer forma, interior e exterior, é causada pelo abuso de poder. A miséria, a pobreza, o analfabetismo… resultam do abuso de poder. O poder deturpado sempre se manifesta contra a vida. Em Deuteronômio, 3, 19, Deus nos orienta: “Escolhe pois a vida…”.
Muitos usamos o poder a nosso critério, somos parciais e sem ética, beneficiamos uns, destruímos outros. Aos amigos, tudo; aos “inimigos”, a lei. Para nosso benefício, colocamo-nos, sem escrúpulos, acima de leis, normas, costumes, valores, princípios… sem escrúpulos. Contraímos a doença da consciência maculada: abusar do poder torna-se um estilo de vida, prática comum, natural, sem consciência, sem medo, sem remorsos, sem nenhuma vergonha… Para permanecer no poder, armamos esquemas de perpetuidade, não preparamos sucessores, eliminamos quem nos faz “sombras”, amedrontamo-nos com inimigos ilusórios…
Algumas vezes, usamos o poder da palavra para “matar”, para aniquilar a dignidade de pessoas, para julgar e determinar destinos. E isso existe em todas as realidades. E não deixa de existir entre pessoas religiosas, que abusam do poder inclusive em nome de Deus, e sem o menor constrangimento se apossam de pessoas: sua mente, seu coração, seus sonhos, sua dignidade, sua consciência, sua liberdade…
Temos poder sobre o nosso corpo. Podemos dignificá-lo para ao bem ou aviltá-lo para o mal. Temos poder sobre o nosso dinheiro: podemos investi-lo para o bem ou gastá-lo para o mal. Temos poder sobre o nosso tempo: podemos aproveitá-lo para o bem ou desperdiçá-lo para o mal. Existem escolhas. Existe a autorresponsabilidade.
Somos destinados à felicidade… podemos deturpar o poder sobre nós mesmos e nos roubar a felicidade, e também podemos deturpar o poder sobre o outro e roubar-lhe a felicidade.
Em nossas mãos está o poder da escolha: ou a LUZ ou as trevas. Parafraseando Deuteronômio 3,19, escolhamos, pois, a LUZ!
Publicado na edição 1296 – 27/01/2022