Os moradores da localidade rural de Colônia Ipiranga conhecem bem um de seus mais tradicionais residentes: Carlos Baedeski. Nascido em 31 de outubro de 1.936, senhor Baida, como é popularmente chamado na região, é – dizem – o mais antigo ferreiro ainda em atividade no Município de Araucária.
Exatamente isto o que você leu. Mesmo prestes a completar 85 anos de idade, senhor Baida segue na labuta. Segue atendendo aos clientes que o procuram quase que diariamente seja para consertar uma carpideira aqui, um arado ali e assim por diante. “Se eu parar, ninguém mais faz esse serviço e o pessoal fica na mão”, conta.
Senhor Baida conta que começou a trabalhar aos 14 anos. Antes de se tornar ferreiro tentou outros ofícios, mas não obteve sucesso. Ele nasceu no Distrito de Guajuvira. É filho de dona Rosalia Chybior Baedeski e José Baedeski. “O sobrenome do meus pais e o meu era pra ser Baida, mas o Cartório escreveu errado e ficou Baedeski, mas pra todo mundo eu sou Baida mesmo”, explica.
Embora tenha tentado outros ofícios, foi mesmo como ferreiro que se encontrou. Aprendeu a forjar o metal com outros moradores da região, que lhe ensinaram o que era um fole, forja, bigorna, martelo, dobra e corte e assim por diante. Nos primeiros anos de profissão, quase que todo o trabalho era manual. “Naquele tempo não existia energia elétrica, nem essas máquinas que existem hoje. Então, todo dia tinha trabalho. Começava bem cedinho aqui na oficina e ia até tarde da noite”, lembra.
Quando se casou, teve que deixar a casa do pais, que o ajudaram a comprar a propriedade em Colônia Ipiranga. “Eles me deram uma parte do dinheiro e fui me virando para pagar o resto. Para juntar o valor da prestação mensal, além de ferreiro, eu tinha minha roça e um moinho. Tentei abrir um armazém, mas não deu muito certo e logo fechei”, conta.
Senhor Baida conta que se casou aos 24 anos com dona Irene Baedeski. Os primeiros anos juntos não foram fáceis e por diversas vezes coube a ela ser sua ajudante no ofício de ferreiro. “Eu precisava de dinheiro para pagar o terreno, fazia as ferraduras e a cada quinze dias tinha que ir para a Lapa para ferrar os cavalos e ela ia comigo me ajudar e assim a gente foi fazendo a vida”, recorda.
O casal teve dois filhos homens e uma filha mulher: Márcio, Irineu e Roseli. Nenhum deles quis seguir o ofício do pai. “Nenhum serviu pra isso e é por isso que eu continuo aqui também, cuidando da oficina e ajudando o pessoal que me procura”, analisa.
Nas mãos calejadas e de dedos grossos estão quase sete décadas de trabalho pesado. “Conforme a gente vai trabalhando de ferreiro a mão vai ficando grossa, é bom que ajuda a não queimar os dedos na hora de mexer com o ferro quente”, diz.
Sobre parar de trabalhar, ele garante que não pretende fazer isso tão cedo. “Isso aqui é minha vida. Acho que só paro quando Deus me levar mesmo”, finaliza.
Texto: Waldiclei Barboza
Publicado na edição 1285 – 28/10/2021