Se essa rua fosse minha

Foto: Marcos Charneski
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EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO – 132 ANOS

Sem o nome e o número de uma rua, seria impossível localizar um endereço em qualquer cidade do mundo. Mas afinal, como são nomeados os logradouros? Em sua grande maioria, homenageiam personalidades que foram importantes para a cidade. Em Araucária, não foi diferente. Várias ruas e avenidas reverenciam os cidadãos que contribuíram para o desenvolvimento da cidade, ou mesmo do país.

Políticos, empresários, industriais e até gente comum, mas que se destacou na comunidade, nomeiam vias escolhidas para fazer um traçado daquela que é uma das principais cidades do Paraná.

Tem rua com sotaque francês, polaco e alemão, entre outras etnias. Uma mistura de sons e histórias de gente que deixou sua marca para sempre no dia a dia da cidade. Confira!

Se essa rua fosse minha

Rua Major Sezino Pereira de Souza. Parente da Princesa Isabel

Se essa rua fosse minha
Foto: Marco Charneski

Primeiro prefeito da cidade, quando o Major Sezino Pereira de Souza chegou à Araucária, aos 22 anos, o nome da cidade ainda era Freguesia do Iguassu e pertencia a São José dos Pinhais Era membro do Partido Republicano e possuía escravos. Foi indicado pelo governador José Marques Guimarães após a cidade deixar de ser uma freguesia. Em 1892, ocorreram eleições e Manoel Gonçalves Ferreira foi o primeiro prefeito eleito pelo povo e não por indicação, como era feito até então.

Filho de Sebastiana Bento Viana, que tinha parentesco com a Princesa Isabel, nasceu em Morretes em 1846. Participou da Guerra do Paraguai como oficial, recebendo numerosas menções honrosas e condecorações, que lhe foram concedidas pelas autoridades do Exército Imperial.

Casou-se duas vezes. A primeira em 1883, com Balbina Camilo, proprietária de uma casinha de taipa na Freguesia e não teve filhos.

Seu segundo casamento foi com Francisca de Andrade (Francisca Alves da Chagas), que era sua empregada e teve seis filhos: Judith, Balbina, Sezino Júnior, Domingos, Atílio e Arnaldo.

Em 1890, o Major é nomeado o primeiro Intendente, o que corresponderia a prefeito, na época, de Araucária.

Entre as obras das suas administrações estão o calçamento da Praça Central com pedras de cascalho e ampliação da extensão territorial de Araucária através de posses de terras.

Em maio de 1891, tomou posse como Vice-Presidente da Intendência, na gestão do Presidente Antonio Arlindo Pereira. Foi eleito por mais cinco gestões.

O prefeito, naquela época, trabalhava com os camaristas e a conservação das estradas era feita com a população. Tudo dependia da tração animal.

A Prefeitura não possuía arrecadação e com o pouco dinheiro que recebia como verba do Estado, realizou suas obras.
Naquela época, o Prefeito não recebia remuneração pelo cargo. Major Sezino sobrevivia de seu ordenado de soldado.

Afastou-se do cargo devido a um problema nos olhos.

Apoiou a candidatura de Heitor Alves Guimarães, que foi vencido pelo candidato de oposição, Miguel Bertholino Pizzatto.

De acordo com relatos da época, possuía o dom da calma, simpatia e um amplo senso de democracia. Governava com as insígnias de oficial, o que lhe atribuía respeito e seriedade. Governar nestes tempos não era tarefa fácil, porque Araucária era uma mescla de imigrantes e caboclos locais, com diversas exigências, princípios e temperamentos.

Faleceu em 31 de dezembro de 1926, com 80 anos de idade. Foi sepultado em Araucária, na quadra 8, lote 164 do Cemitério Municipal. Lá encontra-se também sepultada a sua esposa Francisca, falecida em 30 de janeiro de 1932.

Rua Coudelaria Tindiquera De melhoramento genético de cavalos a local de encontro dos moradores

Se essa rua fosse minha
Foto: Marco Charneski

Usada para o melhoramento genético dos cavalos do Exército, a Coudelaria Tindiquera localizava-se na região do bairro Tindiquera, onde atualmente encontra-se a Refinaria Presidente Getúlio Vargas – a Repar, pertencente à Petrobras. No entanto, o primeiro uso daquelas terras se deu alguns anos antes com a instalação da Estação Experimental Tindiquera, projeto realizado pelo agrônomo e imigrante tcheco Zdenko Gayer, como parte de sua Escola Prática de Agricultura de Araucária, criada em 1916.

Ele foi pioneiro nos estudos sobre a utilização de adubos químicos e formas de produtividade nas lavouras, contribuindo significativamente para o melhoramento da safra de trigo paranaense. Em 1930, a Estação foi desativada e Gayer continuou seus estudos agrícolas em sua propriedade – a Gayerovo – até seu falecimento, em 1940.

Cavalos do exército

Em 1936, nessa mesma área, a Coudelaria Tindiquera foi implantada pelo Exército Brasileiro, com o intuito de melhorar a qualidade genética dos cavalos da corporação. A maioria dos cavalos reprodutores utilizados na Coudelaria veio da França, e era da raça Bretão Postier. Esses reprodutores também eram emprestados aos agricultores que desejassem fazer o cruzamento com suas éguas, melhorando a genética dos animais utilizados para a produção agrícola, e consequentemente aumentando a produção.

Além da extrema importância para o exército brasileiro, e como consequência para os agricultores locais, a Coudelaria representou um relevante papel dentro da sociedade araucariense, já que, aos finais de semana, o espaço era aberto ao público para que desfrutasse do local para passeios, churrascos e piqueniques.

O local também foi palco de festas, como a do Chopp, que ocorria anualmente, e onde eram comercializados canecos exclusivos com desenhos do cavalo Bretão.

A Coudelaria também possuía um projetor de filmes para sessões semanais, e sediou a Escola Primária Capitão Aristóteles Moreira, mantida pelo Exército, que dispunha de ônibus gratuito para transportar as crianças do centro de Araucária, e que funcionou até o início da década de 1970.

Sendo assim, a Coudelaria representou um marcante espaço de lazer para as famílias da cidade entre as décadas de 1930 a 1970, permanecendo em suas memórias com boas lembranças.

Repar

Em 1972, com a desapropriação das terras para a construção da Repar, a Coudelaria deixou de existir, permanecendo algumas de suas construções aproveitadas pela Asepar (Associação dos Empregados da Petrobras em Araucária), que em novembro de 1975 fundou a Associação Recreativa da Refinaria Presidente Getúlio Vargas em Araucária, que em 1994 alterou seu nome para CEPE (Clube dos Empregados da Petrobras), cuja sede localizava-se no local da antiga Coudelaria.

O clube contava ainda com uma ampla estrutura: churrasqueira, 7 quiosques, galpão para costela de fogo de chão, parque infantil, campo de futebol, quadra de esportes, cancha de bocha e os salões de festas Gralha Azul e Maracanã.

Muitas empresas, e até a prefeitura municipal, realizavam suas confraternizações de fim de ano no clube.
E por ser amplamente arborizado era muito procurado para a realização de passeios ciclísticos, caminhadas, corridas, fotos de debutantes, noivas e gestantes, missas campestres e até casamentos e batizados, além de ser local ideal para muitos biólogos fazerem pesquisas de campo, como gravar o canto dos pássaros.

Avenida Alfred Charvet Industrial, francês e visionário

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Foto: Marco Charneski

O ano era 1940 quando o francês Alfred Charvet chegou em Araucária. Com espírito empreendedor e um tanto visionário, naquela época já anteviu a vocação industrial da cidade. Aqui encontrou condições favoráveis para obter a matéria prima para o seu negócio, a fibra de linho.

Implantou inicialmente a Cia São Manoel de Beneficiamento de Linho e Melhoramentos, que fornecia matéria-prima para outra indústria que tinha em sociedade com Auguste Salmon, outro imigrante francês, a Companhia São Patrício, que ficava na capital paulista e atuava na fabricação de tecidos. Ali, passou a fabricar palhas, fibra, fio e tecidos. Deu emprego para mais de 500 pessoas.

Na década de 1940, os dois sócios decidem trazer a Companhia de Beneficiamento de Linho São Manoel, que fornecia o linho beneficiado para a Cia São Patrício, para a cidade. Logo em seguida, a própria São Patrício seguiu o mesmo caminho Tal mudança se deu quando a indústria começou a sentir os efeitos da Segunda Guerra Mundial e a dificuldade em importar o linho da Europa.

Foi aí que os industriais tiveram uma grande sacada: a empresa investiu na plantação do produto. Os sócios perceberam que Araucária reunia condições favoráveis para o cultivo dessa matéria-prima, pois além do clima propício, muitos descendentes de europeus que aqui viviam em colônias já possuíam conhecimentos do cultivo dessa planta. Dessa forma, fazia-se um contrato entre a indústria e os colonos, que recebiam as sementes e depois forneciam o produto de volta com garantia de preço mínimo.

Dessa forma, a Companhia São Patrício empregou direta e indiretamente boa parte da população de Araucária, tanto no cultivo do linho quanto no seu beneficiamento e na linha de produção do tecido. Também colaborou para a chegada de muitos imigrantes, atraindo mão de obra especializada da França.

A companhia funcionou bem até 1960, estimulando a economia da região.

Além disso, a Companhia São Patrício também foi pioneira dando oportunidade de trabalho para muitas mulheres de Araucária, pois muitas delas foram empregadas em sua linha de produção. A família Charvet também foi uma das principais colaboradoras para a construção do Hospital São Vicente de Paulo, o primeiro do município

Conhecido pela generosidade, gostava de ajudar e chegou a construir algumas casas para seus funcionários, denominando o local de Vila Operária.

Natural de Armentiers (França), Charvet nasceu em 07 de dezembro de 1910. Filho de Alfred Ignace Marie Charvet e Therese Maria Joseph Woussen, era casado com Maria Luiza Cintra Ferreira Charvet e com ela teve 8 filhos. Morou na região central da cidade. Morreu em janeiro de 1989 aos 78 anos.

Casa da família é ponto de referência

Ocupando o topo da Avenida Archelau de Almeida Torres, na Avenida Dr. Victor do Amaral, 875, a casa da família é hoje ponto de referência na cidade. Foi tombada em 26 de dezembro de 1978 pela Secretaria de Estado da Cultura.

Conhecida como “Casa do Cavalo Baio”, a propriedade foi construída em 1870 pela família Suckow e teve como engenheiro responsável Walter Joslin. Por muito tempo foi um estabelecimento comercial onde se trocavam mercadorias que vinham em carroças e tropas com os colonos e comerciantes da região.
Em 1943 foi vendida para a família Charvet, imigrantes franceses que vieram de São Paulo para estabelecer em Araucária uma empresa para produção de fios e tecidos de linho, a Companhia São Patrício.

A casa ficou conhecida como “cavalo baio” porque a família possuía muitos cavalos, que ficavam ao lado da casa. Entre os animais, um deles se destacava pelo porte e beleza. Era um cavalo baio que passou a servir de referência para o local.

O pedido de tombamento da casa veio por parte da Família Charvet, pois quando no período da construção da Avenida Archelau de Almeida Torres, a avenida, para possuir um traçado reto, passaria ao meio da Casa acarretando a sua demolição. A casa, por seus aspectos arquitetônicos e por ser a primeira casa de alvenaria do município foi então tombada pela Secretaria de Estado da Cultura, obrigando a Avenida Archelau de Almeida Torres a desviar de seu caminho originalmente proposto.

A Casa do Cavalo Baio, por ser de propriedade particular, não é aberta ao público.

Rua Zdenco Gayer Pioneiro da agricultura no Paraná

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Foto: Marco Charneski

Zdenco Gayer nasceu na Morávia, Tchecoslováquia, na cidade de Prerov, em 1872 e estudou agronomia em Bernar, na Suíça. Foi o principal colaborador da “Exposição de Milho” realizada em Curitiba e figura notável na Exposição Nacional de Cereais, também em Curitiba. Introduziu o milho americano “Golden, Dent” no Paraná.

O agrônomo chegou em Araucária em 1912 e participou ativamente do desenvolvimento agrícola da cidade, bem como em toda a agricultura paranaense.

Além de dirigir a Escola Prática de Agricultura, fundada por ele em 1916 e subvencionada pelo Ministério da Agricultura, deu grande contribuição na área de experimentações e descobertas de novas variedades de sementes mais adaptadas às condições de clima e solo do Paraná.

Paralelamente à produção de sementes, fazia experimentos com adubos e defensivos. Após a desativação da Estação Experimental de Tindiqüera, ocorrida durante a Revolução de 30, deu continuidade às suas pesquisas, cujos resultados foram minuciosamente documentados até sua morte em 1940.

A produção de centeio e milho em grande quantidade teve como consequência a construção de diversos moinhos nas proximidades das colônias. Posteriormente, a lavoura de trigo e centeio também favoreceu a instalação de fábricas de palhões.

O agrônomo, logo que se estabeleceu no Gayerovo (expressão que em tcheco significa “dos Gayer”, “pertencente aos Gayer”), inicia seu trabalho como cientista com a seleção de sementes de trigo, milho, centeio, cevada, lúpulo, batata, feijão, ervilha e amendoim, tornando-se aí o marco pioneiro do desenvolvimento agrícola do Paraná.

Também foi pioneiro na introdução de adubos químicos para a lavoura do Paraná, assim como na introdução de máquinas agrícolas, dando início à cultura mecanizada do Estado. Foi um dos incentivadores para a formação das sociedades cooperativas para a aquisição de máquinas que servissem à lavoura das zonas coloniais.

Rua Agrimensor Carlos Hasselmann Topógrafo e caçador de animais peçonhentos

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Foto: Marcos Charneski

Que Carlos Hasselmann é o nome de uma das mais importantes vias urbanas de Araucária, todo mundo sabe. O que pouca gente desconhece é que o agrimensor, cinéfilo e pioneiro Hasselmann andava pelas picadas da cidade, em busca de animais peçonhentos, que depois eram enviados ao Instituto Butantã. Em troca, ele recebia o soro antiofídico para o tratamento das pessoas vítimas desses animais.

A primeira remessa foi em 1927.Ele também aproveitava seus contatos para distribuir as caixas para a captura dos animais entre os agricultores. Estes recebiam o soro em troca de determinado número de animais capturados. Pela ação, ficou conhecido como o maior caçador de cobras do Estado do Paraná.
Hasselmann foi homenageado pelo Instituto Butantã,em São Paulo, pelos bons serviços prestados. Esse trabalho teve continuidade com seus filhos, que continuaram morando no bairro Fazenda Velha.

De seu pai aprendeu o ofício de Agrimensor Prático, profissão que exerceu por mais de 50 anos. Fez os levantamentos topográficos não apenas de Araucária, mas também de um grande número de cidades na região.

Apaixonado por cinema, antes de surgir a Igreja, em 1923, abriu uma sala com 29 lugares. Um luxo para a época. As fitas dos filmes eram trazidas de Curitiba a cavalo e quando chegavam, eram anunciadas com foguetório. O Projetor era movido a carvão.

O cinema foi vendido na década de 20 para a família Trauczynski e ao longo do tempo sofreu várias modificações.

Em 1952 foi homenageado como Cidadão Benemérito do Município.

Carlos Hasselmann foi casado com Augusta Ruchoph com quem teve 4 filhos.

Faleceu em 1960, aos 73 anos, deixando para trás um legado de humanitarismo e trabalho duro.
Hasselmann colaborou muito com a economia da cidade. Mas entre as suas maiores realizações foi o todo o traçado de ruas da cidade, através de um levantamento topográfico. Mal sabia ele que uma delas, anos depois, levaria o seu nome!

Família foi pioneira

Um dos primeiros proprietários das terras onde hoje está a cidade de Araucária e do qual se tem notícia, foi o Capitão José Ricardo Taborda Ribas. Ele recebeu a doação das terras na “paragem de Guararema”,como eram conhecidas, de Dom Pedro II. Em 1896, no entanto, o capitão Taborda vendeu a propriedade para Rudolfo Hasselmann.

Rudolfo veio da Alemanha para o Brasil com seus pais ainda menino. Tinha apenas treze anos de idade. Quando morreu, em 1914, deixou seus bens para os herdeiros. Um de seus filhos, Carlos Hasselmann, recebeu do inventário, um terreno denominado Fazenda Velha, onde existia uma casa que foi construída em 1850.

A casa foi erguida em madeira falquejada pelos escravos, pois na época não havia serrarias na Freguesia do Iguassu.

As Marias

Nem sempre os nomes de ruas contemplam gente famosa. Muitas vezes, cidadãos comuns, que por algum motivo ficaram conhecidos na cidade, também são homenageados.

É o caso, por exemplo, de duas Marias, a Edith França Trauczynski e a Aparecida Saliba Torres. As duas nomeiam duas importantes vias da cidade.

Maria Edith França Trauczynski

Pessoa simples e hospitaleira que gostava muito de crianças e sempre tinha uma palavra de fé e esperança para quem a procurava, Maria Edith nasceu em Guajuvira de Cima, em 1898 e era filha de Bento Luiz de França e Olímpia Joslin de França.

Foi casada com Estanislau Trauczynski Sobrinho, com quem teve cinco filhos. Morreu em 1990 antes de completar seu 93º aniversário.

Maria Aparecida Saliba Torres

Maria Aparecida Saliba Torres nasceu em 08 de janeiro de 1940. Formada pela escola de Belas Artes do Paraná, foi professora de Educação Artística entre 1961 a 1986, no Colégio Prof. Júlio Szymanski até a aposentadoria.

Casada com Ubirajara Torres, morreu em 28 de janeiro de 1995 em um desabamento de prédio em Guaratuba.

Também foi homenageada com a nomeação de uma rua no bairro Costeira e posteriormente de uma escola no bairro da Campina da Barra.

Avenida Victor Ferreira do Amaral Médico deu nome à cidade

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Foto: Marco Charneski

Responsável pela escolha do nome da cidade de Araucária, o médico, político e humanista Victor Ferreira do Amaral dá nome à mais importante via que atravessa a cidade. Era um homem culto, caridoso e bem relacionado politicamente. Tanto que ocupou vários cargos nas esferas estadual e federal, fundou a primeira universidade do país, e é considerado uma das figuras públicas mais importantes do Paraná.

Em 1892, quando foi eleito deputado estadual, o político, além de Araucária, também batizou a cidade de Clevelândia, assim como ajudou a elaborar a Constituição do Paraná. Também foi deputado federal e entre os anos de 1900 a 1904, exerceu o cargo de vice-governador do Paraná, quando Xavier da Silva ocupava o cargo no Palácio Iguaçu.

O médico também era muito atuante na área médica: foi o fundador da Associação Médica do Paraná, em 1913 ergueu a primeira maternidade do estado, com o nome de Maternidade Paraná e em 1930 foi o responsável pela reforma e nova edificação deste estabelecimento, sendo renomeada para Maternidade Victor Ferreira do Amaral.

Foi diretor da Saúde Pública no governo de Caetano Munhoz da Rocha; escreveu diversos artigos médicos e obras que defendiam a questão de limites com Santa Catarina.

Além da medicina, ao longo da vida, dedicou-se a várias funções e atividades, atuando paralelamente ou em separado. Em 1892 fundou a Sociedade de Agricultura do Paraná; foi Superintendente do Ensino Público; foi chefe de enfermaria do hospital militar na revolução de 1894, entre outros cargos.

No jornalismo, foi redator-chefe e um dos fundadores do Diário do Paraná e da Gazeta Médica.

Nascido no ano de 1862, Victor era filho de fazendeiros na cidade da Lapa, interior do estado do Paraná. Em 1871 transferiu-se para Curitiba para iniciar sua educação primária e secundária. Aos 12 anos nova mudança, agora para a cidade do Rio de Janeiro onde vai estudar no Colégio Abílio da Corte, tradicional escola carioca. No Rio de Janeiro iniciou o curso de Humanidades e na conclusão deste, recebeu, diretamente das mãos de D. Pedro II, o diploma e uma medalha de honra. Em 1884 defendeu tese na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde recebeu o diploma de Doutor em Medicina, com especialização em ginecologia e obstetrícia. Retornou para Curitiba para clinicar. Trabalhou na Santa Casa de Misericórdia por sete anos sem remuneração e em sua clínica atendia pobres e ricos, sem distinção.

Largou da política para se dedicar ao sonho de criar uma universidade em Curitiba, sonho este compartilhado pelo colega de medicina, Dr. Nilo Cairo. Após anos de empenho o sonho foi concretizado em 1912 quando foi fundada a Universidade do Paraná que anos depois seria federalizada, tornando-se Universidade Federal do Paraná, primeira universidade brasileira.

Na universidade foi professor, diretor da Faculdade de Medicina e em 1946 tornou-se o primeiro reitor quando a instituição foi federalizada.

Morte e homenagens

Victor Ferreira do Amaral faleceu em Curitiba, na segunda-feira, em 1953, aos 90 anos. O laudo do colega que o atendeu no momento de sua morte consta a frase: “Morreu de tanto viver. Uma trajetória intensa e plena. A lamparina do candeeiro já estava terminando”.

A avenida

A Avenida Dr. Victor Ferreira do Amaral foi criada através de decreto, em 1971. Mas muito antes disso, já era a mais importante rua do município de Araucária, sendo que durante muitos anos era conhecida pela população simplesmente como “Rua Principal’’.

Mais importante rua do comércio araucariense, a Victor (como é abreviadamente chamada), já foi trecho da Estrada Curitiba-Lapa, que ligava esses dois municípios aos nossos vizinhos, em tempos em que a cidade era conhecida apenas como Campos de Tindiqüera.

A avenida passou por muitas mudanças ao longo dos anos e viu Araucária florescer e crescer. Hoje, em sentido único de trânsito, começa no viaduto de entrada da cidade, na BR-476, seguindo sentido à Praça Dr. Vicente Machado.

Até o final dos anos 1960, a via ainda era uma estrada de chão. O calçamento de paralelepípedos veio em 1969. O asfalto e a modernização vieram algumas décadas depois, nos anos 1990.

Em 2004, a via passou por uma revitalização completa, com troca de calçamento, implantação de floreiras e nova iluminação.

Rua Miguel Bertolino Pizzatto Político, industrial e “do contra” Italiano foi o primeiro prefeito eleito pela oposição em Araucária

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Foto: Marco Charneski

Primeiro candidato de oposição eleito em Araucária, Miguel Bertolino Pizzatto nasceu em Vicenza, na Itália e é filho de Bortholo Pizzatto e Maria Malucelli Pizzatto. Chegou ao Brasil em 1880, aos sete anos de idade. A família saiu diretamente da Província de Padova, para Araucária. Na cidade, estabeleceram-se no comércio. E aqui fincaram raízes, sendo que Miguel Bertolino Pizzatto tornou-se um industrial e político influente.

No seu primeiro mandato, além de intermediar a compra do terreno para a construção do Colégio Sagrado Coração de Jesus, deu total apoio no planejamento e ainda rateou a despesa de 15$000 réis entre ele e a população.

Mantinha uma indústria de torrefação e moagem de café, da marca “Bertholino”, que ficava na Rua Dr. Victor do Amaral, em frente ao Colégio Sagrado Coração de Jesus. A fábrica tinha dois empregados: Antonio Venante e Adelino Pires. O café era vendido por ele mesmo no interior do Município.

Na mesma fábrica de café, tinha um depósito de tábuas de madeira, para posterior comercialização na cidade.

Na Rodovia do Xisto, próximo a Guajuvira, possuía uma fábrica de alcatrão (piche) extraído do nó de pinho, farto na região.

Também foi delegado de Polícia e foi eleito camarista em 1920 com 150 votos, sendo o mais votado daquela eleição.Eleito novamente, assumiu o mandato entre 1928 e 1930, mas nele ficou somente dois anos em decorrência da Revolução de 30.

É lembrado na cidade pelo grande prestígio político que desfrutava, por ser bondoso e pelo gosto pela caça e pela pesca.

Casou-se com Maria Luiza Bonetto e com ela teve cinco filhos: Juvenal, casado com Zelinda Fruet; Elvira casada com Edmundo Ferreira; Alcina casada com Theodoro Pietroski, Olinda casada com Odorico Ferreira e Aurora casada com Abílio Fruet.

Morreu aos 69 anos, em julho de 1942, em Araucária.

Avenida Archelau de Almeida Torres A rua dos ipês amarelos

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Foto: Marco Charneski

Além de ser considerada a principal artéria da Região Sul de Araucária, a rua Archelau De Almeida Torres é um espetáculo à parte, em particular na Primavera. É que durante a estação, quem percorre a rua, certamente ficará encantado com o espetáculo que as dezenas de pés de Ipês Amarelos que margeiam a via, oferecem.

E não por acaso, é conhecida no país todo como a “Rua dos Ipês Amarelos”, uma das mais bonitas do Estado. E a mais brasileira de todas, já que durante a estação o verde das folhas e o amarelo das flores, misturados ao céu azul e branco,desenham as cores que simbolizam a nossa bandeira.

Concentrando boa parte do comércio da cidade, desde a sua implantação, a avenida já nasceu imponente. É que o personagem que dá nome ao logradouro foi um dos políticos mais ativos e importantes de seu tempo, um visionário da indústria e da urbanização.

Bisneto do Conde de Macaé, Archelau nasceu em Curitiba em 1.857, e chegou em Araucária em 1928. Já estava no segundo casamento e tinha seis filhos.

Comprou uma propriedade e nela foi morar com a família, no bairro Mato Grande, hoje Jardim Iguaçu.

Respeitado pelo espírito empreendedor, o também industrial implantou na cidade a Fábrica de Massa de Tomate e Condimento de Pimentão.

O produto fez tanto sucesso que era exportado para diversos estados. Em função disso, foi considerado um dos pioneiros da industrialização em Araucária.

Também foi considerado um político ativo e influente em sua época, Foi presidente do Partido Social Democrático (PSD), tendo com seus companheiros sensibilizado o Governo, para a construção de obras importantes como o Posto de Saúde e o Ginásio Estadual de Araucária, hoje Colégio Estadual Professor Júlio Szymanski..

Mas um de seus feitos mais importantes e que talvez até hoje influencia a vida dos cidadãos da cidade, foi a interligação da Energia Elétrica com a Capital do Estado, conquista esta que teve a frente o então Prefeito de Araucária, Ignácio Kampa.

Foi eleito vereador em 1947.

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