Uma vida em saída

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Quando viemos a esse mundo, fomos acolhidos por uma família, que, nos ensinou desde pequeno, os principais valores da vida. Nossos pais, nossos primeiros educadores, nos ajudaram a vencer o egoísmo, tão presente nos primeiros tempos da existência. A criança, naturalmente, é egoísta e quer tudo para si e quer fazer tudo do seu jeito. A educação é que foi nos moldando e indicando aquilo que é certo e aquilo que é errado, aquilo que podemos e aquilo que não podemos fazer. Tarefa árdua, que requer uma série de repetições, tanto de palavras como de ações. A vida, desde o seu início, é uma escola, na qual vamos aprendendo as principais e fundamentais lições que serão determinantes para toda a nossa existência. E, aos poucos, vamos aprendendo que a vida não gira em torno de nós mesmos, mas que, nós estamos neste mundo para sermos felizes e, ajudar os outros a serem felizes.

Na medida que crescemos, percebemos que somos parte de uma realidade, constituída por homens e mulheres e, que pede de nós, uma atitude de irmãos que se ajudam e se querem bem. Quando descobrimos isso, entendemos que a nossa passagem tão breve e rápida por esta terra, está vinculada ao outro. Fomos criados para amar e ser amados, para ajudar e ser ajudados, numa interação contínua, que nos ajuda a crescer diariamente como seres humanos. A nossa liberdade existe na medida em que respeita a liberdade do outro e que, juntos somos mais e mais fortes. Sozinhos, somos frágeis, pequenos e incapazes de realizarmos tantas coisas. Precisamos uns dos outros, nos ajudamos mutuamente e crescemos interagindo, colocando nossos dons a serviço e, sendo também servidos em tantas necessidades no nosso cotidiano.

A nossa vida, na medida em que crescemos, vai se tornando um dom, colocado a serviço do outro. Mas, ao mesmo tempo, a vida do outro é um dom precioso para mim. É impossível pensar que não valemos nada e, que não precisamos de ninguém. Como diz aquele velho ditado: ‘ninguém é tão pobre que não tenha nada a oferecer e, ninguém é tão rico que não tenha nada a receber’. Quando saímos de nós mesmos, e, vamos ao outro do outro, nos realizamos, porque sentimos o quanto somos importantes e o quanto podemos ajudar a quem de nós precisa. Mas, ao mesmo tempo, encontramos alguém que vem ao nosso encontro e que tem tanto a nos ensinar. Aprendemos e ensinamos ao mesmo tempo, como barro nas mãos do oleiro, ou seja, eternos aprendizes.

O ser humano que se fecha no seu mundo, nos seus problemas, com certeza, nunca fará a experiência do sentido profundo da sua passagem por este mundo. Não fomos feitos para a solidão, para o fechamento, mas, para vivermos em sociedade, abertos ao outro. Quando saímos, vamos ao encontro do outro, levamos um pouco de esperança e, retornamos também renovados e animados. Fazer o bem, nos torna pessoas humanas agradecidas e realizadas. Perceber que alguém mudou, melhorou, porque ouviu de nós palavras de ânimo ou, então, gestos concretos de amor, nos faz bem por dentro. A recíproca também é verdadeira, pois, quando espontaneamente somos ajudados, sobretudo, nas horas mais difíceis, isso nos gratifica e impulsiona para a vida. Podemos dizer que a nossa vida assume um colorido especial, quando descobrimos a beleza da saída de nós mesmos, indo ao encontro do outro. E, neste encontro, levamos um pouco de nós mesmos, mas, recebemos um pouco do outro, que, na medida em que o ajudamos ele nos ajuda a viver e seguir em frente.

Publicado na edição 1281 – 30/09/2021

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