Embora os dados não sejam oficiais, estima-se que mais de dez mil moradores de Araucária paguem mensalmente a Unimed Curitiba para ter um plano de saúde. O número significativo de conveniados, no entanto, não faz com que a operadora ofereça sequer uma unidade própria ou clínica credenciada a quem os clientes possam recorrer quando necessitam de atendimento de urgência ou emergência.
Exatamente, a Unimed Curitiba, maior operadora de planos de saúde da região metropolitana, não disponibiliza uma única opção que seja – dentro de Araucária – para que seus clientes apelem quando necessitem de um atendimento mais urgente, como uma fratura, vômito, febre e coisas do gênero. Nestes casos, a única alternativa para o conveniado da operadora é apelar ao SUS ou se descambar para Curitiba, a dezenas de quilômetros de distância, em busca de socorro.
Essa falta de opções de atendimento é alvo de constantes reclamações de usuários da Unimed em Araucária. E não de hoje. A frustração com a rede remonta aos idos de 2010 quando a empresa ergueu um grande prédio na rua Miguel Bertolino Pizzatto, no jardim Iguaçu. Muitos acreditaram que funcionaria ali um pronto atendimento, mas isto nunca aconteceu. Hoje, o local virou uma espécie de elefante branco.
A falta de investimentos da Unimed em estruturas próprias ou credenciadas para consultas de urgência e emergência e também de terapias dentro de Araucária acaba obrigando os clientes da operadora a recorrer ao Poder Judiciário para terem seu direito resguardado. “Levava cerca de quarenta minutos diários para levar minha filha até Curitiba para a consulta porque a Unimed não disponibiliza esse serviço em Araucária. Tive que apelar à Justiça para ter o direito da minha filha garantido pelo plano”, conta uma mãe, que pediu para não ter seu nome divulgado para não expor sua família.
Outra mãe com quem conversou O Popular contou que seu filho teve febre alta e ela procurou uma clínica da cidade. Lá, foi informada que o médico cooperado da Unimed não estava trabalhando naquele dia e que ela teria que pagar a consulta. A mãe então correu até o pronto atendimento infantil da Prefeitura, que estava com bastante procura naquele dia. “Acabei tendo então que ir até o Pequeno Príncipe, em Curitiba, para ser atendida. Isso é um descaso”, desabafa.
Situação semelhante aconteceu com a funcionária de uma repartição pública estadual. Ela passou mal, com cólicas menstruais muito fortes e, mesmo sendo cliente Unimed há vários anos, teve que ir até Curitiba para receber auxílio. “Procurei uma clínica aqui de Araucária e eles me informaram que até tinha médico que atendia pela Unimed, mas que como eu precisaria de medicação imediata para aliviar a dor eu teria que pagar porque o plano não autorizava esse tipo de aplicação. Resultado: tive que dirigir até o Pinheirinho, em Curitiba, sentindo muita dor para ser atendida”, reclama.
Para Unimed, não há problemas
Mesmo diante da falta de unidades de pronto atendimento na cidade e de já ter sido acionada judicialmente por seus clientes para ter acesso a consultas dentro de Araucária, a assessoria de comunicação da Unimed Curitiba informou que não iria se manifestar sobre os relatos mencionados nesta matéria. Isto porque, de acordo com a operadora, não existe sequer uma reclamação registrada por clientes em seus canais de atendimento quanto ao tamanho da rede disponibilizada dentro do Município.
Foto de: Marco Charneski.
Edição nº.1354