O vereador Fábio Pavoni (PV) entregou ao Ministério Público na semana passada uma gravação que – ao que se sabe – teria sido feito por ele mesmo de uma conversa travada com o presidente da Câmara, Ben Hur Custódio de Oliveira (Cidadania) no que aparenta ser um evento festivo. Como não poderia deixar de ser, a arapongagem se tornou o assunto preferido nas rodinhas políticas da cidade.
Promotores
O conteúdo da conversa, obviamente, merece ser apurado pelos órgãos competentes, mas é difícil crer se tratar de algo verdadeiro. Isto porque nele Ben Hur diz ter grampeado – vejam – promotores de justiça de Araucária, algo que não se ouviu falar nem em grandes escândalos nacionais, em que os interesses financeiros eram bilionários.
FIA
Em outro trecho da conversa gravada por Pavoni o presidente da Câmara diz ter conhecimento de que houve pagamento de propina a algum agente público envolvido na contratação da Fundação Instituto de Administração (FIA), responsável pelo estudo de modernização da legislação previdenciária e de pessoal do funcionalismo municipal. Esse contrato, como se sabe, já é objeto de procedimentos investigatórios por parte do Ministério Público local. Logo, se eventualmente houver irregularidade ela aparecerá. Mas, anotem aí, dificilmente será essa “conversa de boteco” gravada por Pavoni que contribuirá para elucidar algo.
Começo, meio e fim
Quem ouviu o áudio de Pavoni e conhece um pouco da história política de Araucária sentiu é saudade das gravações feitas por Caetano Saliba Oliveira, ex-braço direito do então prefeito Olizandro José Ferreira (MDB). Aqueles arquivos em áudio e vídeo não eram fogo de palha. Tinha imagem, tinha dinheiro sendo entregue, tinha roteiro. Pavoni baixou a régua da arapongagem em Araucária com esse material entregue ao MP.
Combustível
Obviamente, como o gravado foi o presidente da Câmara, o material dá combustível para alimentar a oposição ao grupo que administra a cidade. Afinal, esse pessoal quer porque quer antecipar a discussão eleitoral do segundo semestre do ano que vem para já, vez que isto gera desgaste político para quem tem cargo, dando palco para quem não tem e precisa de holofotes.
Materialidade
Especialistas ouvidos por esta Coluna sobre os impactos jurídicos, alguns inclusive com atuação em altas cortes de justiça, já anteciparam que o modo como a gravação do presidente da Câmara foi tratada dificilmente ajudará na instauração de qualquer processo mais robusto e que possa contribuir mesmo com eventual apuração de crimes de corrupção ou obstrução da justiça. Isto porque o áudio vazou, se tornou público e sua própria entrega ao Ministério Público foi acompanhada de publicações em redes sociais pelo entregador. Isso prejudica qualquer investigação.
Tá gravando?
Também nos círculos de conversas políticas da cidade o que não tem faltado é gente transformando a gravação de Pavoni em anedota. Agora, quando alguém chega pra conversar com ele já vai logo perguntando “tá gravando?”. Afinal, é aquela história, quem grava um pode querer gravar todos.
Na Câmara
Mudando um pouco de assunto, a plenária da Câmara desta terça-feira, 8 de agosto, foi pra lá de agitada. Isto porque um grupo de funcionários municipais foi ao plenário acompanhar os trabalhos e protestar em razão do pacote de projetos de modernização da legislação previdenciária e de pessoal que está tramitando pelo Legislativo.
Compromisso
E como toda “vitória” deve ser comemorada, os integrantes de entidades representativas de servidores celebraram um compromisso assumido pelos vereadores de que não votarão os projetos de alteração na carreira e previdência municipal de forma urgente. Ou seja, os textos não serão levados a plenário antes de 45 dias.
Ausências
Três vereadores não compareceram à sessão plenária desta semana. São eles: Irineu Cantador (PSD), Valter Fernandes (Cidadania) e Celso Nicácio (PSD). Todos justificaram suas ausências.
Podemos
Depois do PDT, a executiva do Podemos em Araucária também fez um comunicado dizendo ser contra os projetos que tramitam na Câmara e que pretendem modernizar a legislação previdenciária e de carreira do serviço público municipal. O documento foi visto como uma espécie de pressão ao vereador do partido, Vagner Chefer.
Zezé
O documento do Podemos é assinado pelo presidente da executiva municipal, Albanor José Ferreira Gomes. Prefeito de Araucária por três oportunidade, Zezé tentou voltar ao cargo nas eleições de 2020, mas tomou uma surra de votos do eleito, Hissam Hussein Dehaini, que obteve 47.613 votos contra 16.264.
Inelegível
Na prática, aliás, nessas eleições de 2020, Zezé obteve 0 votos, já que sua candidatura foi entendida como irregular pela Justiça Eleitoral, com seus votos sendo considerados nulos.
Contrário
A posição do Podemos local com relação a reforma da previdência municipal contraria, aliás, a postura do partido em votações nacionais que versam sobre a mesma temática. O partido, por exemplo, apoiou a reforma da previdência.
Bate-papo
Ainda sobre esses projetos de reforma da previdência municipal, O Popular promoverá na próxima segunda-feira, 14 de agosto, um bate-papo com representantes do Fundo de Previdência Municipal de Araucária (FPMA). O podcast será transmitido ao vivo por nossa página no Facebook a partir das 19h30. Então, desde já, fica o convite a todos para acompanhar essa conversa.
Falha nossa
Na última edição desta Coluna cometemos um equívoco com relação ao partido ao qual está filiado o secretário de Meio Ambiente, Vitor Cantador. Na nota escrevemos que ela está agremiado ao PR. O correto, no entanto é PP.
Edição n. 1375