Qual foi a última vez que você sentiu prazer de verdade? Se despiu inteiramente da rotina e entrou de cabeça em algo que te deu satisfação? Eu te dou 1 minuto para pensar. Se demorar mais do que isso para encontrar a resposta, eu te aconselho a fazer uma pausa em sua vida agora! E não, não é trocando uma ideia com a Rita, da funerária, e muito menos organizando seu inventário. É preciso entender o que fez sua pipa não subir mais e te gerar baixa satisfação diária.
Quando você encontra um casal feliz, com 80, 90 anos, ou aquela pessoa mais sênior super alto astral, qual você acha que foi a fórmula da espirituosidade dela “após-sessenta” (presumindo que fosse possível a existência de uma receita)? Maratonas intermináveis de séries de TV, depois de uma extensa jornada de trabalho, trocando mensagens por aplicativos ou apenas “nudes” com algum aleatório desesperado, sem trocar uma conversa pessoalmente, sem abrir um vinho à moda antiga ou sem se permitir uma boa aventura nas férias? A história desse veterano que você imaginou provavelmente não deve ter sido algo tão brochante; se não, ele mesmo teria se embalado na Rita.
E por falar na voz da experiência, o querido Papa Francisco, 87 anos, numa audiência geral realizada por ele no dia 17 de janeiro de 2024, incentivou a pipa dos fiéis a voltar a subir quando se referia ao prazer sexual, presentão de Deus na voz do representante terreno de Cristo: “Entre todos os prazeres humanos, a sexualidade tem uma voz poderosa. Envolve todos os sentidos; habita tanto no corpo quanto na psique, e isso é muito bonito; mas se não for disciplinado com paciência, se não estiver inscrito em um relacionamento e em uma história onde dois indivíduos o transformam em uma dança amorosa, transforma-se numa cadeia que priva os seres humanos da liberdade.”
Também vota com Francisco nesse tema uma representante do paganismo, ou emissária das “trevas”, tão iluminada quanto ele, nosso “Chico”, Rita Lee. Uma cantora extraordinária que esquentou vários palcos brasileiros, com um canto de liberdade de ser, de prazer e de chances de gozar mais da vida sem se complicar com mais delongas. Rita, em sua canção “Amor e Sexo”, lançada em 2003, entoa o hino assim: “Amor é um livro, sexo é esporte. Sexo é escolha, amor é sorte. Amor é pensamento, teorema. Amor é novela, sexo é cinema.”
Vozes de lugares de falas tão distantes, de um lado nosso Chico, catequizado, de outro nossa Rita, que se fosse na Inquisição já teria virado carvão, mas que felizmente hoje podem fazer um dueto para nos transmitir essa mesma mensagem: não castre o prazer que você é capaz de ter em sua vida mais nem um segundo, seja sexual, seja gastronômico, ou seja na vontade de realizar uma grande viagem. Não espere a Rita te abraçar, hoje ela canta sexo para os anjos.
Queremos uma vida perfeita para poder nela sentir prazer, só não nos damos conta de que o prazer também se inventa na imperfeição do transcorrer da vida e na possibilidade de, em cada instante dela, fazer uma arte. Se os defuntos idosos confessassem suas peripécias, teria mais gente se divertindo para fugir da Rita, do que preocupado com quem não está chorando nos velórios. Desejo uma pipa que só sobe na sua vida! Sigam-me no @tarodafortuna.