Férias, tempo de possibilidades, de voltar às origens, reatar amizades, levar o abraço a alguém esquecido, rever a velha árvore que me fez sombra e acolheu o singelo ninho de passarinho, o riacho onde nadei e em cujas margens flores colhi, a montanha que escalei e que, no cimo, apresentou-me ao horizonte, a pequena casa que me viu crescer e sonhar, tantas coisas vivas e mágicas que dão encanto às lembranças.

Férias de mim mesmo, desligar-me, ser apenas como a água… a nuvem… a ave… o vento… que são amados gratuitamente e amam simplesmente existindo.

Também tirar férias de certas pessoas que me oprimem e me deprimem, um sábio afastamento, na justa medida, para manter-me inteiro e saudável. Conceder férias às pessoas de quem dependo, descobrir que há coisas que posso fazer sozinho, ser livre e deixar o outro livre.

Também dar férias aos que dependem de mim, pois o excesso de amor, em vez de fazer crescer, tende a sufocar e infantilizar. Enfim, férias da mania de perfeição e de certas crenças, destruir as estátuas em que me transformei.

*Irmão Marista que deixa sua marca sempre entre nós.

Edição n.º 1474.