Em 2 de setembro de 1945, há exatos 80 anos, o Japão assinou sua rendição formal a bordo do navio americano USS Missouri, na Baía de Tóquio. O Ministro das Relações Exteriores, Mamoru Shigemitsu, e o General Yoshijiro Umezu representaram o país, marcando o fim oficial da Segunda Guerra Mundial.

Este conflito, o mais devastador da história, deixou mais de 60 milhões de mortos. Dentre eles, seis milhões de judeus foram brutalmente assassinados no Holocausto, um dos maiores crimes contra a humanidade.

Das cinzas dessa guerra, emergiram duas superpotências militares: os Estados Unidos e a União Soviética. A rivalidade entre o bloco capitalista, liderado pelos EUA, e o bloco socialista, liderado pela URSS, deu início à Guerra Fria, um período que, até 1991, manteve a humanidade à beira de uma guerra nuclear.

A União Soviética, com mais de 20 milhões de mortos, foi o país que mais sofreu perdas. Isso se deve à intensidade dos combates no leste europeu, que marcaram a história e a identidade dos povos da região de forma indelével.

Hoje, russos celebram o Dia da Vitória em 9 de maio, data em que a rendição da Alemanha Nazista que na Europa Ocidentalocorreu às 23h01 da noite do dia 8 de maio, quando já era 9 de maio em Moscou. Na Rússia, as celebrações de 2025 foram particularmente importantes para o presidente Vladimir Putin, que usou a ocasião para promover o nacionalismo, exibir o poderio militar do país e reforçar a narrativa de que a guerra na Ucrânia busca a “desnazificação” do governo de Kiev, uma afirmação amplamente contestada por analistas ocidentais.

Enquanto isso, no Japão, a cidade de Hiroshima renova seus votos de paz a cada 6 de agosto. Na Praça Memorial da Paz, o Sino da Paz ressoa às 8h15, hora exata em que a primeira bomba atômica foi lançada, matando instantaneamente mais de 70 mil pessoas. Contudo, a conveniência da política pacifista do país tem sido questionada por alguns japoneses, especialmente diante do aumento dos arsenais militares de seus vizinhos: Rússia, China e Coreia do Norte.

Quanto aos Estados Unidos, o presidente Donald Trump define que a data da vitória contra os nazistas foi o dia 8 de maio, fazendo um contraponto aos russos. De acordo com Trump “A vitória foi alcançada principalmente graças a nós, goste ou não […] Foram tanques, navios, caminhões, aviões e militares americanos que derrotaram o inimigo há 80 anos nesta semana. Sem os Estados Unidos, a libertação nunca teria acontecido”.

É curioso pensar que os EUA têm implodido a ordem mundial que eles mesmos ajudaram a construir no pós guerra. Desacreditando a ONU, colocando em xeque a legitimidade da Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros organismos multilaterais. Parece que entramos numa nova era.

O triste paradoxo é que, 80 anos após o genocídio de judeus na Segunda Guerra, os horrores daquele período parecem ter ensinado pouco. É lamentável ver a violência se repetir na Faixa de Gaza, onde o extermínio de palestinos pelos sionistas segue em curso.

Edição n.º 1478.