A pesquisadora surda Daiane Ferreira, 38 anos, foi a primeira a defender uma tese de doutorado em Libras na Universidade Federal do Paraná (UFPR). A conquista inédita da doutora em Letras/Estudos Linguísticos nos dá a dimensão dos desafios que ela enfrentou durante sua jornada de formação.

A tese defendida pela araucariense, intitulada ‘Topônimos da Libras que designam cidades paranaenses: motivação, morfologia e variação’, ocorreu no dia 28 de agosto. “A defesa da minha tese na UFPR foi muito produtiva. Consegui apresentar bem o meu tema e me senti realizada com o resultado”, comenta Daiane.

Daiane nasceu ouvinte, mas com quatro meses teve varicela e perdeu a audição nos dois ouvidos. “Desde então, vivi praticamente a vida toda como surda. Hoje me comunico de forma bilíngue, entre o português e a Libras, e também utilizo oralização e leitura labial no meu dia a dia. Tudo isso faz parte de quem eu sou”, relata.

A pesquisadora fez o ensino fundamental nas escolas municipais João Sperandio, General Celso e Juscelino Kubitschek, o ensino médio no Colégio Fazenda Velha, graduou-se em Pedagogia pela Unifacear, fez o Mestrado em Estudos de Tradução na Universidade Federal de Santa Catarina e o Doutorado na UFPR. Atualmente, trabalha na UFPR.

A araucariense teve uma vida praticamente dedicada aos estudos, uma prova de que sua surdez nunca foi um impedimento. Isso lhe dá absoluto conhecimento de causa para aconselhar pessoas que convivem com limitações. “Supere suas limitações, derrube seus obstáculos com a cabeça erguida e faça seus sonhos acontecerem. Sua coragem tem força própria! Siga firme, abrace cada desafio e conquiste seu topo, assim como eu conquistei o meu”.

Edição n.º 1481.