Dois temas que tomaram conta do noticiário local ao longo das últimas semanas são uma excelente oportunidade de reflexão para quem está disposto a evoluir enquanto ser humano.

Uma delas é o caso do estranho desaparecimento da cachorra Maya, que não é mais vista desde que adentrou o imóvel de um vizinho de seu tutor, no bairro Iguaçu. O outro foi o episódio em que dois guardas municipais agrediram covardemente um homem em posição de revista durante uma abordagem no bairro Capela Velha.

Ambos os episódios geraram muita repercussão na cidade, principalmente por meio das redes sociais. As matérias que expuseram os casos foram amplamente compartilhadas e os comentários foram os mais diversos possíveis.

A grande maioria das pessoas que optaram por comentar as publicações pareceu entender que estamos diante de episódios que merecem apurações sérias, sem que ninguém seja poupado e, da mesma forma, que ninguém seja punido de forma desarrazoada.

A necessária publicidade de ambos os atos se dá porque estamos falando de casos sérios, que precisam ser tratados a luz do dia. A violência de guardas municipais durante o atendimento a ocorrências é inaceitável. Não podemos confundir a possibilidade de uso gradual da força para autopreservação e manutenção da ordem pública com uma autorização para agredir outra pessoa, mesmo que essa tenha outrora infringido uma lei. É, inclusive, isso que nos faz sociedade e não um bando de animais irracionais que resolve tudo com selvageria.

Mesma lógica precisa nortear a análise do caso do desaparecimento da cachorra Maya. É preciso entendermos que – dentro do conceito de família multiespécie – aquele pet era como se fosse uma filha de seus tutores. Logo, não é porque ela havia fugido e adentrado o terreno do vizinho que os proprietários do imóvel podiam agredi-la. Enquanto seres humanos eles tinham a obrigação de contê-la, encontrar seus tutores e responsabilizá-los por eventuais danos. Até porque não estamos falando de um animal agressivo. E quem disser o contrário estará dando uma interpretação muito peculiar aos fatos.

Precisamos entender que vivemos os costumes e leis do século XXI. Não resolvemos mais as coisas a moda da lei de talião. O olho por olho dente por dente é algo inaceitável nos tempos atuais. Simples assim! Boa leitura.

Edição n.º 1487.