O Natal não é uma festividade só para gente viva. De jeito nenhum. Natal também é para gente morta. E os espíritos ficam ansiosos, sim.

Não é como se os falecidos passassem o ano inteiro esperando sentar no colo do bom velhinho — Papai Noel estaria mal assombrado se fosse assim — nem como se quisessem assistir ao amigo secreto da família só para julgar as inconsistências morais do discurso clássico do “eu peguei uma pessoa muito boa…”.

Mas existe algo real acontecendo.

Os espíritos familiares conseguem se aproximar mais de nós nesse período por conta da abertura energética e vibracional que nós mesmos começamos a promover. Pensar em Jesus, em gratidão, em perdão, em presentear, em fazer as pazes — ainda que só dentro da cabeça —, preparar um banquete para quem amamos e lembrar com saudade de quem já atravessou para o outro plano… tudo isso cria um campo de receptividade muito maior.

E aí vem a pergunta que sempre me fazem:

“Vando, isso significa que no Natal eu posso receber a visita da minha mãe falecida, do meu pai, do meu filho, dos meus avós?”

Sim. Exatamente isso.

Inclusive, pode ser que eles já tenham passado aí pela sua casa esses dias e você só tenha percebido coisas sutis. Espíritos são pessoas. Não são ETs. Não aparecem só para assustar, fazer barulho ou provocar fenômenos mirabolantes. Eles vêm para olhar, para ouvir, para sentir você.

Talvez você nem se dê conta, mas na sua ceia de Natal pode ter alguém ali te observando em silêncio e pensando: “Eu te amo tanto.” “Quanta saudade.” “Como minha filha cresceu…” “Se minha mãe me visse hoje, eu pediria desculpa por não ter seguido todos os conselhos dela.”

São ecos do além. Suspiros de humanidade que ainda querem se relacionar pelo amor. Por isso, neste Natal, abrace também seus ancestrais. Aqueles ausentes. Ofereça uma oração, um perdão, uma prece. Porque eles podem estar mais próximos de você do que imagina durante essas festividades.

E alguém sempre pergunta, meio desconfiado: “Mas Vando, por que Deus solta as almas penadas bem na semana do Natal?” Porque Deus não é carcerário.

Deus é amor. Deus é universal. Ele congrega. Ele não separa. Ele se manifesta através do Cristo e reúne todos os pequeninos, todas as ovelhas do seu pasto infinito.

O Verbo que se fez carne veio anunciar o amor. Um amor que ressuscita, que reencarna, que ressurge. Um amor que atravessa mundos. É o amor que aparece no advento cristão, mas também na missa de Nossa Senhora dos Remédios.

É o amor que está na mesa cristã e na mesa pagã. Na mesa esotérica, na mesa branca, na mesa preta. Não importa por onde esses nossos irmãos falecidos caminharam em vida. Umbandistas, candomblecistas, católicos, espíritas — não importa.

O que importa é o amor. Ele sempre será o verbo de ligação. Então seja você, neste Natal, uma partícula desse amor. Proponha na sua casa um momento para lembrar dos ancestrais, dos entes queridos que partiram.

Seja testemunha de um Deus que atravessa céus, infernos, véus e julgamentos. Porque o amor não depende de crença. Ele simplesmente acontece.

E que a luz que te conduz seja sempre a sua consciência.