Artistas locais protestam contra a falta de apoio
Carlos quer que seus trabalhos sejam submetidos à apreciação do público

No Dia Nacional da Cultura – 5 de novembro, artistas locais protestam contra a falta de políticas municipais na área cultural. Segundo eles, o Município deixa muito a desejar quando a questão é incentivar os novos talentos que estão surgindo.

Carlos Janchikoski, que começou a se dedicar à arte da pintura há cerca de um ano, é um dos artistas que já sentiu na pele a falta de apoio na hora de mostrar o resultado do seu trabalho. “Aproveito este Dia da Cultura para registrar aqui a minha indignação sobre as dificuldades que encontrei quando decidi mostrar a minha arte para o público. Meu objetivo não é vender meus quadros – eu tenho mais de 20 guardados – mas sim sentir o que o público pensa do meu trabalho, ter uma noção de como as pessoas sentem a minha obra, analisar se estou indo pelo caminho certo. Mas infelizmente esbarrei em alguns ‘nãos’ logo de início e, se não fosse pelo apoio da minha família e de alguns amigos, já tinha desistido”, conta Carlos.

Segundo ele, quando reuniu um acervo que achou ideal para montar uma exposição, procurou a Casa da Cultura, mas de pronto foi informado que até meados de 2012 não havia vaga para expor no local. “O problema não foi ouvir isso, porque eu sei que eles têm uma agenda, a questão foi que nem sequer pediram para ver o meu trabalho”, conta. Não satisfeito, Carlos procurou diretamente a Prefeitura, através da secretaria de Administração, para expor seus quadros no Saguão do Paço Municipal, e mais uma vez ouviu um não, e ainda foi encaminhado para fazer parte de algum projeto desenvolvido por comunidades ou na Casa da Cultura.

“Foi justamente na Casa da Cultura que fiz minhas primeiras aulas de pintura, em outubro do ano passado, mas como eu já havia desenvolvido uma técnica muito avançada – o espatulado marcado com o impressionismo contemporâneo – fui encaminhado para Curitiba, para buscar o aperfeiçoamento em outras escolas de pintura. Quer dizer, fiz tudo certinho, mas na hora de expor meu trabalho, ninguém abriu uma porta”, lamenta.

Carlos disse ainda que em Araucária não existem incentivos, ou o artista é morto na sua gestação, ou é aprisionado nos poucos programas que são oferecidos, somente para poder expor seus trabalhos. “Sei que meu trabalho é bom, ouvi isso de muitas pessoas ligadas à arte, inclusive um dos meus quadros será levado para o exterior, por um amigo, que se dispôs a divulgar meu trabalho”, relata.
 

Artistas locais protestam contra a falta de apoio
Jester espera aprovação da lei
 

A criação do Sistema Municipal de Cultura

O ator e diretor teatral Jester Furtado também tem muitas reclamações a fazer com relação à falta de estímulo aos artistas locais. Ele comenta que Araucária está carente de projetos culturais e tem dúvidas sobre a aprovação da nova lei que vai criar o Sistema Municipal de Cultura.

“Eles fizeram várias reuniões com a população para discutir a criação deste plano, mas será que no final ele será aprovado? Parece que tudo aquilo que pode trazer algum benefício para o artista morre no papel. Eu tenho dificuldade em encontrar espaço para o meu trabalho, mas sempre busquei formas alternativas de mostrá-lo, porque um artista nunca desanima. Esperamos sinceramente que esta lei seja aprovada e que o Município passe a olhar com mais carinho para os seus artistas. Para mim, já se tornou redundante fazer este tipo de reclamação”, pontuou.

Para a secretária municipal de Cultura, Tânia Gayer, Araucária é o único Município que encaminhou uma lei para a criação de um Sistema Municipal de Cultura. “Esta lei já está tramitando na Câmara de Vereadores e juntamente com ela serão criados o Fundo Municipal e o Conselho Municipal. Para que este sistema fosse traçado, fizemos várias reuniões com a população para discutir ações para os próximos 10 anos na área da cultura. Vamos eleger conselheiros para atuar no Conselho Municipal, mas dependemos das diretrizes da Secretaria de Estado, temos que respeitar os prazos. Tudo isso vai incrementar e melhorar o setor cultural na cidade”, comenta Tânia.

“Quanto aos artistas, concordamos que existe falta de espaço para que possam mostrar seus trabalhos, mas temos uma agenda para exporem na Casa da Cultura e ela está lotada até meados do próximo ano. O Museu, que poderia ser outro local para eles expor seus trabalhos, está fechado, e tudo isso atrapalha. Mesmo assim, esperamos que os artistas entendam que o objetivo da Cultura não é financiar os projetos, mas trazer incentivos para que eles possam buscar aperfeiçoamento nas suas artes, seja no teatro, na música, na pintura ou em outras frentes”, disse.