Quando Jesus começou a sua pregação às margens do mar da Galileia, rapidamente a sua fama se espalhou e todos imaginavam que estava aí o Messias poderoso, tão esperado pelo povo de Israel. Aos poucos, Jesus foi decepcionando todos aqueles que esperavam dele força, poder, domínio, palavras a favor de um nacionalismo israelense, revelando o seu amor predileto pelos mais pobres e marginalizados. Não são os poderosos que o atraem, mas os pequenos e humildes de coração. É a esses que ele se dirige e percebe que eles acolhem e entendem a sua mensagem. Os grandes, os poderosos, se afastam e começam a conspirar contra ele. Longe de se sentir humilhado, diminuído, Jesus dá graças e glórias a Deus porque escondeu estas coisas aos sábios e entendidos e a revelou aos pequeninos. Claramente, é um Deus que se coloca do lado dos últimos, dos abandonados e sofredores da sociedade, porque são eles que compreendem e seguem a boa nova anunciada pelo Mestre.
Jesus diz claramente: ‘aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração’. A humildade de Jesus impressiona, pois, sendo filho de Deus, se fez igual a nós, assumindo a condição humana, e, mais, tornando-se servo de todos. Ser humilde não significa diminuição, como se fosse um nada, pelo contrario, é ser capaz de colocar toda a sua vida a serviço dos outros. Jesus, manso e humilde de coração, dedicou toda a sua vida, toda a sua pregação, em prol da cura dos enfermos, da expulsão de demônios, ressuscitando os mortos, levando uma palavra de fé e de esperança a todos os desanimados. Foi uma vida plena de serviço, realizando tudo com muito amor e gratuidade. Vejo Jesus caminhando entre as pessoas, com um olhar cheio de compaixão, animando, encorajando, levantando os caídos, curando os doentes, levando conforto a todos, nos seus diversos problemas pessoais. Uma palavra de consolo, um olhar cheio de misericórdia, um gesto de ajuda, uma ação amorosa em prol do necessitado e carente. Assim era Jesus, que pede aos seus apóstolos a aprenderem com ele, como deve ser também a vida e a conduta deles.
Hoje nós somos chamados a aprender na escola de Jesus, a partir do seu evangelho, seguindo aquilo que os evangelistas e suas comunidades nos apresentam a respeito dele. Aprender de Jesus, freqüentando os seus bancos escolares, significa abrir o nosso coração para que a exemplo dele, sejamos mansos e humildes. Um coração humilde é aquele que se coloca ao lado dos pequenos, dos sofredores, dos últimos e daqueles mais abandonados da sociedade. Um coração cheio de compaixão e de misericórdia, sempre pronto para ajudar e servir na gratuidade. Um coração que sente a dor do outro, que pulsa em prol daquele machucado e caído à beira da estrada. É impossível seguir Jesus tendo atitudes de arrogância, de prepotência, julgando-se maior e melhor do que os outros. Pelo contrário, seguir a Jesus é ter um coração que descobriu que a beleza da vida está em amar, servir, compartilhar, ajudar a quem precisa de modo livre, espontâneo e gratuito.
Aprender na escola de Jesus é, em resumo, descobrir a beleza de fazer o bem, não importando para quem. Só um coração cheio de amor, que se manifesta através de gestos concretos de solidariedade, compaixão, doação e entrega e serviço, se aproxima do coração manso e humilde de Jesus. Santa Dulce dos pobres, a santa brasileira que doou a sua vida pela causa dos menos favorecidos, nos ensine, neste tempo de pandemia, a sermos mais solidários e fraternos. Jesus, manso e humilde de coração; fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
Publicado na edição 1219 – 02/07/2020